Porquê? Porque somos assim. Nem bons nem maus, o que é o Bem o
que é o Mal? Ninguém sabe, mas cada um reenvindica o seu quinhão de verdade.
Onde está a culpa? Em quem puxa o fio que faz detonar o colete
da morte? Ou esse desgraçado é só um fantoche acéfalo, nas mãos de alguém muito
mais perigoso, que não se conhece, que não se consegue saber quem é. Alguém
sabe?
Não temos nós também a nossa cota de culpa – e não será pouca -,
ao termos empenhado a nossa vidinha consumista e materialista, por meia dúzia
de patacos, a um bando de indivíduos buro-tecnocratas, que deviam ser igualmente
culpabilizados por essas mortes inocentes, pela sua lascívia, indigência, má
liderança, sem cultura antropológica, sociológica, histórica, filosófica, enfim
política.
Onde estão as ideias, a estratégia, o plano, a visão?
Não estão, não existem. Esta história vai piorar, e os
buro-tecnocratas que se sentam na grande mesa redonda em Bruxelas, vão ficar
cada vez mais perdidos, e tontos, e zonzos, atirando palpites-perdigotos para o
ar, em belos e vácuos discursos, que ouvimos e aceitamos, esquecendo no momento
seguinte, porque o que interessa é pôr o cachecol e confirmar que a bejeca está
no ponto de frescura, que o jogo vai começar: o jogo da entropia que se dirige
no sentido do caos.
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