sexta-feira, 25 de março de 2016

Via-sacra do infortúnio colectivo



Todos os meses, após receber a minha reforma e a de minha mulher, as quais são depositadas na mesma conta bancária, este fiel e cumpridor casal faz o balancete mensal do deve e do haver, a fim de fazer face às imposições legais de sobrevivência, na tentativa de viver sem dever nada a ninguém e convicto de nunca gastar mais do que aufere.
E qual não foi a ‘bomba’ que esta manhã explodiu nas minhas mãos, quando abri o jornal diário que costumo ler? Ei-la: ‘Cada português deve afinal 37 850 euros’.
Olhei para a minha mulher e ela para mim olhou também, na tentativa de sabermos, cada um, quem estava a enganar quem.
Afinal, qual a razão do nosso endividamento, se todos os meses não gastamos mais do que ganhamos ou temos?
Quem nos anda a roubar décadas a fio?

In PÚBLICO, de 27/3/2016


José Amaral

1 comentário:

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