UM COMBATE PERMANENTE
Apesar dos
embustes das “civilizações”, todos os dias se nos deparam situações
demonstrativas de que poucas coisas mudam para melhor, e só temporariamente. E
aqueles que se vêem a si próprios como superiores, só muito dificilmente, às
vezes só mesmo à força, aceitam perder algumas das “suas” prerrogativas.
O fanfarrão
Golias, “invencível” herói dos filisteus, sentiu-se ofendido quando viu o
pequeno David desafiá-lo, desarmado, e ameaçou-o com um rol de impropérios. E
foi sempre assim, ao longo dos tempos, que os presumidos poderosos se impuseram
às multidões de miseráveis que têm povoado o mundo.Mas estas, quando descobrem
que a sua força lhes advém disso mesmo, de não terem nada a perder, tomam
atitudes, muitas vezes individuais, que, naquele momento, mudam mesmo o mundo
para melhor.
E se na “lenda”
em que David derruba Golias com uma pedrada na testa terá havido intervenção divina,
é de supor que em tantas outras situações inusitadas que a História nos relata
a terá havido também…
Na atitude
daquela modesta trabalhadora de Montgomery – Alabama, em 1955, naquela manhã em
que decidiu sentar-se, no transporte público, no lugar que muito bem entendeu,
recusando-se a cedê-lo a um branco quando a isso foi intimada, naquela recusa
do medo aos poderosos que a humilhavam e aos da sua raça, é de crer que também
houve inspiração divina.
Mas quando
perdem um pouco que seja do seu poder ilegítimo, eles nunca se conformam;
manobram de todas as formas para recuperar a posição perdida, comprando muitas
vezes até a consciência de serventuários recrutados nas classes que oprimem.
Costumo ver o
programa GPS, de Fareed Zacaria, que passa na RTP 3 aos domingos ao fim da
tarde. No mais recente, entre os vários entrevistados por Fareed estava o
artista Harry Belafonte, velho companheiro de Luther King na luta pelos
direitos cívicos, com uma lucidez espantosa para a idade
À pergunta de
Fareed, se não lhe parecia que os negros americanos não ganharam nada com um
negro na presidência dos Estados Unidos, Belafonte concordou, afirmando que
aquela eleição deixou em estado de choque as forças que nunca mudam para melhor,
e não imaginavam que uma coisa daquelas pudesse acontecer, facto que as levou a
comportamentos de retaliação!
Amândio
G. Martins
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