Os tempos vão estranhos. Vivem-se relações de força
como nunca se viu . No princípio, no tempo em que de homem para homem não
ia força de boi, os ganhos dos mais fortes eram comedidos. Mesmo assim, as
desigualdades começaram a cavar-se e, com toda a naturalidade, a tornar-se banais.
Alguns chamaram-lhe a “acumulação primitiva de capital”, concorde-se ou não,
pouco importa. Certo é que era a apropriação indevida do que não era
seu, e o fenómeno agravou-se ao longo dos séculos. Alguns que, pelas
circunstâncias da vida, sempre tinham pertencido à classe dos mais fortes, viram-se
relegados, por força de repetidas depurações, a integrar as classes economicamente
inferiores, de modo que, agora, só ficam, lá no topo do morro,
apenas as 62 pessoas que têm mais riqueza do que metade da população mundial.
Quantos pequenos patrões, crentes na patranha do small is beautiful, não passaram a ser tão proletários e
desvalidos quanto os seus empregados? Agora, o que conta é adquirir “massa
crítica”, pelo que as pequenas empresas ”já eram” e, mesmo os pequenos bancos
que já foram as jóias da coroa, são canibalizados pelos maiores. A
continuar assim, passar daqui para o abocanhamento legal e “legítimo” de uns
países por outros poderá ser um pequeno passo. O alerta de Manuela Ferreira
Leite tem de ser ouvido: não há nenhum banco português sem problemas e, por
via bancária, dentro em pouco perderemos completamente a nossa soberania.
Venham os filósofos, os pensadores, os economistas, venha lá seja quem for, mas
resolvam isto.
Expresso, 25.03.2016 - as partes truncadas encontram-se sublinhadas.
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