REFERÊNCIA
QUE DESAPARECE
Aquela frase
cínica que “depois de mortos todos os sacanas são bons” não se aplica,
seguramente, à imensa maioria do que acerca de Nicolau Breyner tem sido dito
nas últimas horas.
Ontem à noite
telefonou-me de Lisboa um amigo de sempre, com quem partilhei quarto na capital
quando éramos adolescentes, a perguntar-me se eu ainda me lembrava de quando
ambos conhecemos o Nicolau pessoalmente…Claro que me lembrava, e tinha acabado
de falar nisso aqui em casa, quando a noticia da sua morte inesperada era o
principal assunto dos notíciários.
Morávamos na
Gomes Freire, ali junto ao Campo de Santana, e íamos a pé ao Campo Grande, ao
encontro de outros amigos quando, ao entrar no Saldanha, vindos do lado do
liceu Camões, dou de caras com o já famoso artista, apesar de muito jóvem, no
passeio em frente ao Monumental e digo ao meu amigo: “Olha ali o Nicolau
Breyner, pá!” O rapaz não acreditava, eu insistia que sim e o artista, quando
nos aproximávamos, percebendo a “contenda” põe-lhe a mão no ombro, com aquele
sorriso inconfundível e diz: “Vai uma aposta?”
Não é fácil
descrever o nosso embaraço, balbuciando que gostávamos muito dele, ele
agradeceu, sempre sorridente, e lá fomos para o nosso encontro com uma coisa
importante para contar aos outros…
Amândio G. Martins
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