Sempre louvei Cunhal pela sua frontalidade no que
tocava aos seus adversários, que tal como Salazar sempre fez numa ditadura, os
considerava e tratava como inimigos. Jerónimo, fia mais fino, tem o que o vulgo
chama um "mamar doce". Relembra ditos populares, sorri muito, dança
em público, é educado e civilizado. Mas há situações em que o seu sincero e
idolatrado ideal comunista é mais forte que tudo. Cunhal nunca acreditou na
democracia representativa, que apelidava de burguesa e disso deu abertamente
conta numa famosa entrevista a Oriana Falacci, em 1975. Na altura a URSS
ainda era um "Sol na Terra". Agora depois da "implosão" do
sistema comunista soviético, o PCP não teve alternativa melhor do que fazer de
conta que acredita nos votos do povo, na odiada democracia burguesa. Mas ele há
momentos em que lhes salta a tampa, e a eleição de Marcelo com 52% dos votos
expressos, não é coisa de somenos. Por isso resolveram não saudar o novo
Presidente, como deputados eleitos na própria Assembleia que dizem representar.
Só lhes ficou mal, como se fossem mal educados, mas eu sei que não foi falta de
educação, mas sim política pura. Fiquei muito grato por isso, lembraram-me do
golpe que falharam em Nov/75, e ainda bem que não são comunistas envergonhados,
como o BE aqui ou o Podemos em Espanha, que têm vergonha de o assumir.
OBS. Este artigo foi publicado no jornal na sua edição de 18/3/16.
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