ROGER GARAUDY – CONCLUINDO
Concluindo a
minha incursão pelo livro de Roger Garaudy – Para um Diálogo das Civilizações –
o colonialismo inglês, espanhol e francês, em nome do papel que tiveram no
mundo islâmico durante mais de um século, caluniaram sistematicamente os
contributos da civilização árabe.
Num tempo em
que o que hoje é Portugal ainda estava longe, a Península Ibérica contaria, na
época da conquista árabe, com dez milhões de habitantes, e os conquistadores
não ultrapassariam setenta mil, pelo que foi a superioridade da sua civilização
que desempenhou o papel decisivo num território sujeito ao caos feudal, que
recebeu os invasores de braços abertos.
Com efeito, o
escritor espanhol Blasco Ibañes explica que a regeneração da Espanha veio do
Sul, com a conquista árabe, que libertou uma espanha escrava de reis, teólogos
e bispos belicosos. E em poucos anos os árabes apoderaram-se do que foi preciso
sete séculos para lhes recuperar, porque não foi uma invasão que se impôs pelas
armas, mas uma sociedade nova que fazia brotar por todo o lado as suas
vigorosas raízes.
Quando, no
que é hoje a Europa, os povos viviam em buracos, demorando ainda uns séculos a
que alguns pudessem vir a saber ler, já os árabes conheciam a escrita e a
numeração, e o califa Al-Mamun abria em Bagdade uma imensa biblioteca – A Casa
da Sabedoria – onde eram conservadas todas as obras das civilizações antigas e,
em Córdova, um dos califas possuía uma biblioteca de mais de cem mil volumes.
Na grande obra “civilizadora” do homem branco,
escrevia num relatório um coronel inglês no Quénia: “Roubamos a terra deles,
vamos roubar também os seus braços; o trabalho forçado é o corolário da nossa
ocupação do país.
Já no nosso
tempo, depois do fim da Segunda Guerra Mundial, criou-se uma nova situação, com
o avanço da hegemonia americana. Desde 1945, graças ao enfraquecimento dos
países colonialistas da Europa, impôs-se o capital americano, supremacia
económica nascida do massacre dos Ìndios, da deportação dos escravos africanos
e da sangria de duas guerras mundiais, que na Europa se revelaram para os
americanos mais rendíveis que minas de ouro, já que cada dólar doado em “ajuda”
regressava a eles em triplicado. E teme-se que um acordo que anda a ser negociado com a União Europeia, agora mesmo, venha a criar imensos problemas às economias mais frágeis.
Amândio G.
Martins
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