Alguns países do Sul da Europa, integrados
num espaço a que se resolveu chamar União Europeia, debatem-se com um problema
económico e financeiro chamado dívida, ao qual estão abraçados com tanta força
e entusiasmo que, por absurdo, parece ser uma dívida terna, pois as medidas que
são tomadas no conjunto europeu, em vez de serem para a esconjurar, são para
perpetuá-la sem apelo nem agravo. Mas analisemos a dívida portuguesa, que é a
que nos faz sofrer, de forma angustiante, desde há uns tempos a esta parte.
É interna, porque dentro do espaço pátrio do nosso país, muitos devem
a muitos, muito ou alguma coisa, seja entre fornecedores, empréstimos bancários
para habitação, contribuições ao Estado ou à Segurança Social. O próprio Estado,
as empresas públicas e as Autarquias não honram, a tempo e horas, muitos dos
compromissos assumidos. As falências e o desemprego galgam no tempo.
Por sua vez, a dívida externa, composta por empréstimos
concedidos pelo BE, BEI, FMI e outras instituições, nomeadamente as que nos
compram, nos Mercados Internacionais, os Títulos de Dívida Pública a que o
Estado recorre frequentemente, a curto, médio ou longo prazo, é outra
componente que agrava, hora-a-hora, a nossa caótica situação financeira, dado
que numa economia em recessão os juros são mais um encargo para aumentá-la.
É eterna, porque honestamente não é possível pagá-la, dada a sua
actual componente de capital e juros, cuja acumulação destes, por serem
descaradamente usurários, tornam humanamente impossível a sua liquidação, tendo
para tal que reduzi-la a um valor aceitável e praticável.
Abusando da fraqueza económica
dos seus parceiros, os países mais fortes da União Europeia tratam os outros
mais débeis, com uma sobranceria, que mais parece de escárnio que de verdadeira
união. Os problemas dos mais pobres, fossem eles gerados por falta de
capacidade governativa ou reflexo de causas externas, têm de ser encarados como
abcessos no corpo da União Europeia e não algo que lhe seja externo. Se há União,
ela tem de ser de facto e não apenas só no que convém aos países economicamente
mais fortes. Os problemas têm de ser resolvidos urgentemente e não adiados para
as calendas. Juntem-se os 27 e tomem medidas que irmanem as nações e não
semeiem mais conflitos.
Esta gente que domina a EU não
está a afundar um país, está a afundar uma civilização, porque o naufrágio
alcançará toda a tripulação, incluindo o comandante do navio.
Temos de sair deste labirinto que
é, o de que, a dívida somos nós ou nós somos a dívida, e que vivemos para ela e
que ela estará sempre presente. Basta. A luta tem de terminar com a morte da
dívida e a nossa sobrevivência.
JOAQUIM CARREIRA TAPADINHAS –
Montijo
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