domingo, 12 de maio de 2013

O superego e a falta dele!

Podem os eruditos comentadores políticos discutir swaps, desemprego, juros, troika, etc., mas de nada valerá se, complementarmente, não se discutir o problema mais básico da democracia, que é, precisamente, o da responsabilização da classe política pelos erros que comete. Os "julgamentos políticos" (resultados eleitorais) têm-se mostrado insuficientes!
Mesmo que nos apetecesse (a mim e à maioria dos portugueses) insultar, açoitar ou empurrar do cimo da ponte "essa gente" (Sócrates, Coelho, Gaspar, Durão, Cavaco, Constâncio, ou muitos outros), nunca o faríamos porque os nossos Superegos no-lo censurariam e reprimiriam!
Portanto, o Superego é algo de bom que nós temos, como Freud mostrou. Mas quando digo nós, não é, literalmente, a todos nós que me refiro. Os políticos, por exemplo, não têm Superego; consequentemente, as instituições e as leis que eles produzem (Partidos, Constituição, Assembleia da República, lei eleitoral, lei do financiamento dos partidos, etc.) tratam de acautelar as suas autopromoções e autoprotecções sem escrúpulos, para obterem dinheiro e poder sem limites.
Como eles não têm Superego, temos de ser nós a criá-lo e impôr-lho! Como? Exigindo-lhes a representatividade parlamentar dos votos em branco através de cadeiras vazias no Parlamento em número proporcional ao número desses votos!
Com cadeiras vazias à frente dos seus olhos, os deputados e o governo sentiriam que o número delas poderia aumentar ou diminuir em cada legislatura conforme os seus bons ou maus desempenhos profissionais. As cadeiras vazias actuariam como um mecanismo de autocensura dos políticos que comparo a um Superego permanente, provàvelmente muito mais eficaz do que aquele Superego periódico, fugaz, frágil e falsificável (pelas promessas populistas dos actores) que só actua de 4/4 anos: - os resultados das eleições.
 
José Madureira

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