"Quem nunca roubou não vai me entender. E quem nunca roubou rosas, então é que jamais poderá me entender. Eu, em pequena, roubava rosas. Havia em Recife inúmeras ruas, as ruas dos ricos, ladeadas por palacetes que ficavam no centro de grandes jardins". (Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo)
Começa assim a crónica «Cem Anos de Perdão» da escritora brasileira, que a Fundação C. Gulbenkian está a homenagear numa exposição denominada 'A hora da Estrela' (até 23 de Junho).
«Não me lembro de roubar rosas ou o que quer que fosse», pensei ao ler aquelas frases.
A não ser... Sim, recordo-me agora: roubei um livro... não interessa agora onde...mas não foi numa livraria nem numa biblioteca pública. Isso garanto-lhe.
Também eu era muito nova, tal como Clarice. Não lhe resisti. Foi mais forte que eu. Não me recordo agora se não resisti ao título ou ao seu autor. «O livro?»
Sei qual foi, claro. Como não havia de lembrar-me? Ainda o tenho, claro, uma preciosidade. Vou buscá-lo. Um momento.
O Mundo da Música - Os seus segredos e a sua beleza de Leonard Bernstein. Está muito bem conservado. Tal e qual como o roubei (ups!). O livro é de 1954 numa edição «Livros do Brasil». Na contra-capa lê-se "Leonard Bernstein, autor da famosa série «concertos para jovens» difundidos com o mais vasto sucesso na RTP, procura, por meio deste livro, guiar-nos no universo vasto e riquíssimo, da música".
Então, um livro não é também uma rosa? Ou pode-se explicar a beleza da música, duma flor ou mesmo de um livro?
P.S.- fica aqui uma sugestão para a RTP: voltar a transmitir estes concertos comentados pelo maestro Bernstein!!
P.S.- fica aqui uma sugestão para a RTP: voltar a transmitir estes concertos comentados pelo maestro Bernstein!!
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