Consegui, em nenhuma, ter que ficar até ao derradeiro dia para arranjar
outro trabalho em outra empresa, mas sempre senti e vivi a decadência,
prenúncio da desgraça em todas. Sempre no “privado”. Tendo tido diálogos de
surdos com os decisores de topo, que sempre fizeram o que quiseram.
E, constato com desolação que o que vem a acontecer a este nosso País é
exactamente o mesmo. E, como nas empresas por onde passei, a culpa nunca é dos
que estão hoje, mas sempre dos que estavam antes. Dando sempre a impressão que
hoje não haveria capacidade para emendar o ontem, ou só sabendo fazer igual ao
que de errado ontem foi feito.
Apesar de que os que lá estão hoje, não poucas vezes – em tantos casos – já
por lá haviam andado, ontem. Algo tão semelhante com o nosso País, ontem e
hoje.
E como se quer – sempre! – cortar de qualquer feição, é uso não o fazer –
nunca – nas benesses do topo que afectam os próprios – decisores - ou os que
lhes são próximos.
Vai-se cortando abaixo, ao lado, para que em cada mês se gaste menos que no
anterior. Só! Apesar de haver áreas que escapam sempre ao corte, insistindo-se
sempre e só no mesmo e nos mesmos.
E tanto se vai cortando no essencial, nomeadamente em Pessoas e matérias
essenciais, sem nada de fundo resolver, sem nada de facto reformar, que as
empresas param, de repente – que espanto! – e não têm como voltar a arrancar. E
tudo foi fechando e tudo foi falindo!
Algumas deram lugar a projectos imobiliários grandiosos, no tempo em que
alguns acharam tínhamos que se construir como viéssemos a ser 30 milhões de
habitantes, mas nunca ultrapassamos pouco mais de 10 milhões e tendemos a
diminuir. E tudo está em decadência! Qual País! O tique já tem décadas, mas
está gravado.
E se me lembro dos decisores de topo dessas empresas foi por com eles ter
tido que lidar dia a dia. Mas, já estão totalmente olvidados e até uns que
bustos tinham, estes desapareceram, não ficaram na história e as memorias que
deles temos são bastante negativas, e já passaram uns bons pares de anos.
Assim, aos decisores de topo deste nosso País – que não propriedade deles!
– a caminho rápido da bancarrota se pede mais que não seja pela População, que
arrepiem caminho enquanto é tempo. E o tempo está-se tão rapidamente a esgotar.
Já passei a idade de mudar de empresa – já era! – o que a nível de País
significaria hoje, emigrar, mudar de país, como tantos o estão a fazer, por não
confiarem nos desatinos dos gestores / decisores, essencialmente nas ultimas
duas décadas, agravando-se , agora, com erros acumulados e sempre a fazer o
mesmo errado percurso. Mas não deveria ser essa a única saída.
E se os que estão não atinam a fazer diferente, se não sabem fazer melhor,
saiam todos, os que estão no topo, os que já lá estiveram e acham que podem
voltar, os que não estiveram mas andaram sempre por cá, e deem lugar a uma
geração nova com mais capacidade, mais engenho, mais modéstia, mais humildade,
mais profissionalismo, mais ouvidos e menos bocas, menos apego ao poder eterno.
Emigrem todos os outros, e deixem cá os bons! Antes de dar cabo de vez deste
País.
(DN, 9-5-2013)Augusto Küttner de Magalhães
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