quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Para 2015!

Os últimos dias dos meses de Dezembro são sempre de retrospectiva do ano que finda e de formulação de desejos e resoluções para o ano que se aproxima.

A retrospectiva tem pouco que se lhe diga. Foi-se a troika, mas ainda não sabemos quanto tempo mais estaremos e seremos troikados. Foi um ano menos saudável. Mas foi um ano com melhor trabalho. Faltaram algumas coisas. Pouco interessa para aqui.

Interessa mais o ano de 2015. Não se pode fazer muito relativamente ao ano que passou. Para 2015, desejo mais tempo. Mais tempo para gozar o tempo. Melhor tempo. Menos tempo perdido. Que o tempo não tenha sido perdido. Que nos deixem descansar, que nos deixem respirar, recuperar do sufoco. Quero que as minhas ucronias deixem de o ser. Não muitas: só duas.

No próximo ano, espero sentir que governamos quem nos governa. Espero que não sejam colhidas laranjas azedas nem rosas murchas e com mais espinhos do que pétalas; que as setas apontem para o alvo certo; que a foice não seja metida em seara alheia e que o martelo não bata senão em pregos; que a estrela não seja um buraco negro; que a papoila não cause euforias ou hipnotismos.

Espero que, nos próximos doze meses, tudo o que seja dourado reluza e tenha valor, mas que não encandeie. Espero sentir-me menos detido do que alguns detidos; menos afundado; menos rico que certos leopardos.

Em 2015, espero ter a certeza que vou, que vamos, passar bem em 2016.



Feliz ano novo!

DN 31.12.2014 (Da Campanha eleitoral)


Já estamos em campanha eleitoral e má

Mesmo que o PR não queira que as eleições legislativas – que depois definem novo Governo - sejam antecipadas, os partidos políticos ávidos de poder e contra-poder, já andam em campanha eleitoral. Pelo que, se nada for alterado vamos ter campanha e muito má, durante quase um ano, com todas as consequências nefastas que daí advém – para além de não se estar a minimamente trabalhar no momento -, não para os partidos , mas para o País e para nós População. E quem irá ganhar será a abstenção ou votos nulos, ou sensacionalistas.

Se os partidos políticos acham que não se nota, desenganem-se. Desde visões de alianças à esquerda, mas que se for necessário serão à direita, até dizer mal do anterior Governo e insistir – nisso - até à exaustão, vale tudo. Tudo.

As propostas para ter futuro com conjunturas que sejam concretizáveis, deixou de passar pelos partidos - todos, todos - que acham serem os donos da democracia.

Os que foram e são, e possivelmente estão convencidos de voltarem a ser governação, estão constantemente as dizer mal uns dos outros como se todos e cada um fossem exemplares. Não vemos um único dar provas concretas do que fez bem, dado não ser fácil, nem do que não cumpriu que foi muito. E como tal, atacam o outro e vice-versa, para distração de alguém que já não se entende bem quem, dado que a população já está demasiada farta disto tudo.

E como não temos ainda, cá nenhum partido de extrema-direita a defender nacionalismos exacerbados, alguns dos que temos e até mais à esquerda, continuam a bem fazê-lo afastando qualquer tipo de união seja europeia – que não é exemplar – seja outra qualquer.

E a misturar à confusão temos sindicatos e mais sindicatos - que se encostam a partidos - que também não querendo perder o “seu” espaço e não os dos “trabalhadores”, que tanto dizem defender, repetem até à exaustão palavras e actos que já não implicam resultados práticos a bem do trabalhador.

Continua a haver a intenção de todos os que estão instalados em manter o mais possível os seus domínios. Daí, ninguém estar de facto interessado na Reforma do Estado. Ninguém nesta altura e não em tempos descabidos propõe a diminuição do número de deputados, de câmaras municipais – que nunca de Freguesias, como foi feito - de ministérios, e a aglomeração dos mesmos uma vez que o Governo ao vender tudo que era público fica com menos para gerir em vários ministérios.

Junção de muitos mais serviços, até de polícias para evitar duplicações de chefias que são quem mais recebe do erário público. Rever a dimensão e actuação das Forças Armadas, com um contributo essencial à Nato. Fazer melhor, reformar à séria. E poupar em automóveis topo de gama do Estado num tempo de aflição. E até em despesas da Presidência da República!

Se tal já estivesse feito e não está, e parece não estar proposto ser feito, talvez a dívida já tivesse diminuído. Talvez a despesa estivesse mais curta, talvez o investimento produtivo tivesse aumentado. E, não é a cortar quatro feriados que se aumentou a produção e muito menos a produtividade.

E os exemples são infindáveis e só não vê que não quer. E estamos uma vez mais já em campanha eleitoral má, sem propostas que não seja deixar tudo na mesma.

Assim não vamos mudar e assim não podemos continuar. Mas é o que temos e o que somos!

Augusto Küttner de Magalhães

Para fim de ano: Miguel Albuquerque e uma presumível romena

Miguel Albuquerque, o ex-delfim de Alberto João Jardim, lá se aboletou democraticamente ao seu lugar.
Então, o novo líder madeirense, que é advogado, professor e grande produtor de rosas raras no ‘laranjal’, confessou que vai alterar radicalmente o modo de fazer política, que será muito diferente da que tivera o seu ancestral, verborreico e truculento patrono de comando e de fila partidária do arquipélago da Madeira.
Mais confessou que gosta de trabalhar em equipa, só que eu não sei se a sua nova turminha terá parceiros diferentes ou serão de igual jaez política da anterior formação que ora cessa.
Assim, sendo ou não, poderá trocar o disco, que a música e o ‘bailinho’ serão sempre os mesmos.
A ver vamos.

Uma presumível romena dos seus vinte e poucos anos, falando um português já bem compreensível, e andrajosamente vestida de modo a despertar a compaixão das almas mais sensíveis e caridosas, a breves ciclos temporais, aparece no meu bairro habitacional, postando-se estrategicamente entre um café e uma pastelaria, pedindo ‘tudo e mais alguma coisa’. Ou pede um café, uma moedinha, um bolo, um pão, sei lá mais o quê.
A minha esposa, que é voluntária num hospital central e esmoler tanto para pessoas como para animais, caiu na esfera de acção da dita romena, que de supetão lhe pediu um edredão ou cobertor, e qualquer coisa para mais tarde cozinhar.
Minha esposa levou-lhe quase de imediato um bom cobertor e um frango congelado.
Em complemento, a referida romena, pediu-lhe ainda uma frigideira, um tacho e alguns talheres.
E esta, hein? Como diria o saudoso Fernando Pessa.


José Amaral

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A Cultura do nada

A Cultura do nada continua a singrar no sangramento do saber e da palavra escrita.
Assim escrevo, porque li que ‘casas de escritores no Porto estão ao abandono’.
A casa de António Nobre, na Foz, mais parece um sem-abrigo. Está ‘só’, abandonada, entregue à sua mísera sorte.
A de Almeida Garrett, quase em pleno centro do Porto, caminha apressadamente para soçobrar à força do camartelo.
A de Eugénio de Andrade, na zona do Passeio Alegre, deixou de ser poema ‘adolescente’; perdeu a sua ‘pureza’, como os ‘primeiros poemas’ do autor, muito longe de ‘as mãos e os frutos’ em ‘Daqui houve nome Portugal’.
Se aqui – no Porto – Eugénio de Andrade aportou e se também nela cimentou a liberdade, agora nem um pedestal lhe sobrará como estandarte.
Presentemente, só estão na moda os estrangeirismos, como ‘made in china’ por exemplo.


José Amaral

Vira o vento e muda a sorte (do amor)



Vira o vento e muda a sorte
Se a tormenta der lugar à bonança
E se contra lamentos buscarmos o norte
Sem golpes de azar ou de contradança.

Muda a sorte se virar o vento
E se a moléstia doentia passar
E a alegria jorrar sem qualquer lamento
E o amor sem rodeios consiga voar

Para cá das estrelas e quedar-se,
Sossegadamente, em ti, e, contigo
Mover acções belas e dar-se

A todos sem única excepção
Para que em cada peito encontre um amigo
Que pulse em uníssono junto ao teu coração.

José Amaral




Bom Ano

Finalmente, um tempinho para escrever! Horas seguidas a trabalhar «no duro» e acho que já mereço este luxo para concluir o dia e o ano. Tenho o privilégio de trabalhar no que gosto (pagam-me para fazer algo que me dá gozo). Não me posso queixar.
O Natal e o fim de ano são datas bem simbólicas e não resisto a escrevinhar algumas linhas. 
Desejo para todos vós o mesmo que desejo para mim: um ano com saúde e trabalho e, acima de tudo, inspirando-me em Susanna Tamaro (Querida Mathilda), um ano com projectos ou com um apenas!
«Projecto» é uma palavra pouco utilizada e, contudo, tão bela, diz a escritora. 

"No projecto não há a grandeza do sonho ou da utopia: o projecto é «doméstico», acessível. O projecto constrói algo, mas fá-lo lentamente, com paciência, tornando-nos responsáveis das nossas escolhas. O projecto não promete uma nova ordem extraordinária, e, precisamente por isso, está livre de exaltações e de fanatismos."
Ter um projecto é imaginar uma maneira diferente de viver e pô-la em acção imediatamente sem delegar nada a ninguém. Um projecto mata o vazio (existencial).
Susanna crê que esta é uma grande revolução, a revolução da responsabilidade individual!
Tenha você um também!
Bom Ano de 2015.

Sozinho no meio de tanta gente



Os espaços comerciais
E outros que tais
Enchem-se de multidões
Em apertos e empurrões.
E tanta mão-de-obra perdida
Em ociosidade desmedida!
Nos campos poucos se afoitam
E milhões nada cultivam
O que a terra faz brotar
Preferindo vociferar.
O ócio e o conforto
Nada levam de bom ao porto.
O homem amolecido
Com falta de energias
É mais um ser falecido
Ausente de mais-valias.
Filhos não quer criar
Quanto mais ensinar!
É um muro de egoísmo
Eivado de fatalismo.
Para onde ele vai
Viajante sem destino?
Assim, ele se esvai
Perdido em seu desatino.


José Amaral

Portugal está à venda

Portugal está à venda.
É uma grande tenda
Vendendo ao desbarato
O bom e o menos mau
Sem perceber o caricato
Desse negócio sem nau
Que navega cega e à vista
Sem qualquer boa conquista
Para cimentar o futuro
Que muito de mau auguro.
Vão-se os anéis com os dedos
Decepados ou mui quedos.
Ficamos de mãos atadas
Como desgarradas manadas
Caminhando para a morte
Sem proveito ou outra sorte.
Portugal é vítima também
Dos abutres do capital.
Se antes não estava bem
Hoje está pior – muito mal.


José Amaral

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Fico cada vez mais perplexo


Cada dia que passo nesta vida, que todos pensamos conhecê-la, fico cada vez mais perplexo com o que vejo e observo, com o que escuto, e com o que leio.

Assim – para além da passagem de todas as culpas sobre quase todos os concidadãos que ao longo das quatro décadas em democracia governaram/governam o país, condicionaram as nossas vidas e urdiram destemperanças que aspergiram sobre todos nós, quase sem excepção – só poderei avivar a memória de alguns confrades de que o voto tem sido a ‘letal’ arma do povo que levou tais concidadãos aos cadeirões do poder, para depois os invectivar e, muitas das vezes, com toda a razão.

Portanto, o mal maior parece ser causado em exclusivo pelos eleitores e não pelos eleitos, pois estes, ‘candidamente’, só vão ocupar o cargo para onde foram ‘empurrados’.

Mas o mais caricato são as leis que o poder legislativo produz, pois afigura-se-me que os doutos legisladores as fazem somente para serem aplicadas aos outros – os eleitores -, ficando eles – os doutos eleitos – acima de qualquer contrato legislativo que deles saiu. São uma espécie de ‘santos’ mergulhados em ‘celestiais bolhas de beatitude’, colocados nos ‘altares’ da AR.

Recorde-se - de entre centenas, quiçá milhares - o facto recente do ‘pai’ do SNS ter enviado um livro a um recluso topo de gama e tal encomenda ter sido devolvida por infringir – precisamente - uma lei aprovada pelo séquito legislador do referido detido.

São casos como este que me levam a suspeitar que a Justiça não é igual para todos - por culpa exclusiva dos ditos legisladores -, apesar de ser cega. Só que uns têm essas muletas para serem amparados, enquanto milhares são empurrados para o abismo.

Foi isto que ouvi e li através da nossa esclarecida Comunicação Social, que tantos gostam e nela acreditam, enquanto uns tantos poderosos a odeiam.

José Amaral



A ministra Bean

Santana-Maia Leonardo - Diário As Beiras de 29-12-2014
Quando olho para a ministra da Justiça, vem-me sempre à memória o Mr. Bean quando decidiu puxar uma pequena peça de uma grande construção que julgava mal colocada e vê ruir, diante de si, todo o edifício.
O colapso do sistema citius, ao contrário do que para aí se diz, acabou por ser a sorte grande da ministra porque focalizou no citius o colapso do sistema judicial, quando o sistema judicial colapsou por força desta reforma judiciária. Aliás, o sistema citius já está a funcionar e a máquina judiciária das sedes das comarcas está a trabalhar ao ralenti e ninguém pense que vai entrar em velocidade de cruzeiro tão depressa. Os processos vão sofrer atrasos de anos, os prazos de prisão preventiva vão ser ultrapassados sem que o juiz os consiga controlar, muitos processos vão prescrever e outros processos só daqui a um ou dois anos é que se vai perceber que desapareceram.
Esta reforma, para além de ter sido importada de um país (Holanda) que não tem nada a ver com o nosso, foi ainda levada a cabo sem ter meios financeiros, humanos e instalações adequadas. O preço a pagar por esta irresponsabilidade vai ser muito elevado. Dentro de 8 anos ainda vamos andar a lamber as feridas.
Tudo isto se poderia ter evitado se à frente dos principais órgãos de comunicação social tivéssemos gente capaz, suficientemente informada e documentada, para abordar de forma séria este tipo de reformas. Infelizmente, os directores dos nossos jornais estão ao nível dos nossos políticos que, tal como o Mr. Bean, apenas conseguem perceber a utilidade da pequena peça depois de o edifício ruir.

A NÃO PERSONALIDADE DO ANO




- E o prémio - um Aude A10 e a gravação de um disco a solo - vai para Aníbal Cavaco Silva (702 669 669 ). 
Caem confetís do céu, ouve-se o som empolgante do “Hino da Liberdade”, o público histriónico rejubila e ensina cartazes a pedir a gravata com autógrafo, foi o mais votado.
Fica aqui um apontamento aos finalistas que podiam ter sido vencedores, mas não foram:  Passos Coelho, António Costa, Paulo Portas, Ricardo Salgado,  Justiça.
 Os seus mentores conformam-se com a decisão do público - soberana – e apresentam-se bem vestidos e animados para a gala final.
Seguem os argumentos fortes de cada um desses candidatos a personalidades do ano e que não colheram - foi o melhor leque e das escolhas mais difíceis das últimas edições .
Passos Coelho (702 669 669): Obstinação. Confunde-se por vezes com perseverança, que é uma qualidade do Bem, trabalho que não desiste para se atingir um bom fim. A obstinação é o mesmo em negativo: o fim é sentir-se bem consigo próprio, independentemente dos outros, que para si não existem senão como estatística para ilustrar os objectivos pessoais.
António Costa: Câmara de Lisboa. Quem não conseguiu resolver uma coisa tão simples como o fluxo de tráfego numa das principais artérias da cidade (Av. da Liberdade), quem deixou quase todas ruas cheias de crateras, quem não tratou dos jardins e das fachadas, quem descuida a protecção civil e os bombeiros da cidade, quem é assim diletante, será assim noutros palcos de maior audiência. Actua travestido de cantor bipolar: insegurança, arrojo, cautela, audácia, falsetes, falsetes.
Paulo Portas: O político. Mas não o político dos nobres ideiais, da dimensão humana, da universalidade dos valores. O político dos tempos de hoje: um beto populista, que trata os outros por “você” de uma forma pimba. Poderá viver toda a sua existência, sem vir a parar na casa da justiça. Jamais conseguirá limpar da sua voz afinada, a mancha da desconfiança gerada pela perversidade das relações entre a política e as comissões.
Ricardo Salgado: O exemplo. É a Maléfica dos 101 Dalmatas. Verdadeira Prima Dona. Fascina a cabeça de muitos miúdos, que um dia gostariam de ser assim. O exemplo do sucesso material, do poder quase absoluto, do mundo com cheiro a suor vergado a seus pés. Para poucos – indivíduos residuais com autonomia no pensar – o exemplo maior da decadência do homem no mundo. Um tenor que já arrebatou públicos exigentes, mas que acabará a cantar duetos improváveis.
A Justiça. Cara sem rosto. Arbritária, esotérica, comichosa quando tocam nos seus interesses e regalias, imprevisível, intocável. Desde o início uma candidata de enorme potencial, mas que teve ao longo das galas momentos altos e baixos. Sendo de uma grande inconstância, é difícil perceber todas as suas potencialidades.
Arrumados os candidatos, que agora assistem com as suas famílias – uma salva de palmas forte para eles - resta-nos na gala do ano que passa, Aníbal Cavaco Silva.
Relembremos  os seus melhores momentos (de novo, o “Hino da Liberdade”, acompanhado em palco por um apontamento do “Quebra Nozes”, executado por alunos da Companhia Nacional de Bailado, que pagaram a deslocação ao estúdio pelo seu próprio bolso).
- A ele devemos quase tudo o que temos nesta “Democracia”- diz o apresentador a babar-se de contentamento, lendo o que está a passar no “ponto”, e ele baba-se sempre de contentamento, diga o que tenha que dizer.
(desenrolam-se então no ecrã, momentos, em voz off )
A captação dos rios de dinheiro da UE, cujos caudais encheram as piscinas de amigos e correligionários.
A incubação e parto assistido do maior banco de malfeitores do crime económico, que o país  conheceu na sua longa história.
A defesa pelo silêncio, desses amigos e correligionários.
A completa inação e alheamento – com propósito -  sobre o estertor da nação.
A colagem escandalosa aos companheiros da sua cor política ou de interesses, protegendo-os e carregando-os ao colo até à porta das próximas eleições.
O autismo profundo ou intencional acerca da realidade : do país, das suas gentes, das suas esperanças e ansiedades.
Não fazer nada, e estragar tudo!”
As bailarinas bailaram bem, e a audiência- agora histérica e agradecida – ribombou palmas até há exaustão. Os apresentadores tiveram alguma dificuldade em repor a emissão.
Todos os finalistas deste ano terão o seu parágrafo ou pequeno capítulo na história. Daqui a cinquenta anos, eventualmente alguns miúdos mais dedicados a estas áreas, hão-de ler esses parágrafos e encontrar alguma curiosidade nestes personagens, tentando perceber de que forma eles contribuiram para o desmoronar do sistema político da época.
 Mas Cavaco, ganhou a imortalidade e por isso merece estar na grande final.
 Se quis ser “O Grande Estadista”, foi manco de honestidade intelectual, de inteligência emocional, de palavra feita acção. Se no entanto a sua ambição só era ficar nos manuais  então conseguiu, pela negativa de tudo: a sua pegada canora vai levar décadas a causar otites agudas, e quem sabe se não vai marcar,  por muito, tanto tempo, a batuta do panorama nacional.
Demos a graças ao Novo Ano de 2015, ouvindo o seu sublime cante, investindo todas as “passas” , de uma só vez, e com todo o desejo da mente e no deglutir da taça de espumante barato,  anelando porque a gente deste  país – por passes de mágica ou um milagre que alguém o faça – possa um dia ter capacidade reflexiva, analítica, crítica, pensar por si, para si ,e  com os outros, no despertar deste pesadelo desafinado que nos envolve há séculos na violação da dignidade.

Sonhamos todos em ser o factor X, mas isso não é para quem quer, é para quem cante bem.

ESTA É A MAIS VÁLIDA QUEIXA SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO




Caros Confrades

Conteúdo de um correio electrónico recebido na minha caixa postal, que abaixo se segue.
Cumprimentos.

Mário Jesus


Eu recuso-me a utilizar o novo acordo ortográfico:
ESTA É A MAIS VÁLIDA QUEIXA SOBRE O ACORDO ORTOGRÁFICO...

 É preciso saber um pouco da história/origem das línguas e o Prof. Malaca Casteleiro até parece que nada sabe. Ele até já nem se deve lembrar que era um zé-ninguém quando o Prof. Lindley Cintra era O PROFESSOR de línguística e ele (Malaquinha) apenas o assistente das aulas de Fonética, que detestávamos...
Os anos passam e...
  
Acordo Ortográfico
 O novo acordo ortográfico é mais uma prova da imbecilidade desta gente que governa Portugal nos últimos 3 decénios!

Nos nossos sete, oito e nove anos tínhamos que fazer aqueles malditos ditados que as professoras se orgulhavam de leccionar. A partir do terceiro erro de cada texto, tínhamos que aquecer as mãos para as dar à palmatória. E levávamos reguadas com erros destes: "ação", "ator", "fato", "tato", "fatura", "reação", etc, etc...
Com o novo acordo ortográfico, voltam a vencer-nos, pois nós é que temos que nos adaptar a eles e não ao contrário. Ridículo...
Mas, afinal de onde vem a origem das palavras da nossa Língua? Do Latim!!! E desta, derivam muitas outras línguas da Europa. Até no Inglês, a maior parte das palavras derivam do latim.
Então, vejam alguns exemplos:
Em Latim
Em Francês
Em Espanhol
Em Inglês
Até em Alemão, reparem:
Velho Português  (o que desleixámos)
Novo Português (importado do Brasil)
Actor
Acteur
Actor
Actor
Akteur
Actor
Ator
Factor
Facteur
Factor
Factor
Faktor
Factor
Fator

Tact
Tacto
Tact
Takt
Tacto
Tato
Reactor
Réacteur
Reactor
Reactor
Reaktor
Reactor
Reator
Sector
Secteur
Sector
Sector
Sektor
Sector
Setor
Protector
Protecteur
Protector
Protector
Protektor
Protector
Protetor
Selection
Seléction
Seleccion
Selection

Selecção
Seleção

Exacte
Exacta
Exact

Exacto
Exato

 Excep
Excepto
Except

Excepto
Exceto
Baptismus
Baptême

Baptism

Baptismo
Batismo

Exception
Excepción
Exception

Excepção
Exceção
Optimus
Optimum

Optimum

Óptimo
Ótimo
Conclusão: na maior parte dos casos, as consoantes mudas das palavras destas línguas europeias mantiveram-se tal como se escrevia originalmente.
Se a origem está na Velha Europa, porque é temos que imitar os do outro lado do Atlântico?
Mais um crime na Cultura Portuguesa e, desta vez, provocada pelos nossos intelectuais da Língua de Camões.
Circulem este e-mail até chegar aos intelectuais que fizeram este acordo. Pode ser que eles abram os olhos.
 Ex.: Será que fui de fato à praia?  
....Na tourada, estavam 2 espetadores!
....Eu trabalho numa seção com 5 colegas!  etc, etc.


PS: Porque se escreve Egito se os naturais desse país são Egípcios? (Eu pessoalmente digo Egipto)
Ainda não percebi se com o novo acordo ortográfico os Polacos também passaram a ser Poloneses e os Canadianos agora são Canadenses, como se diz nas Terras de Vera Cruz…
 Inovações sim , mas sem exageros e com coerência!!!

SOLTEM O SÓCRATES

Soltem o Sócrates
Hoje, apetece-me escrever sobre o caso Sócrates, cujos contornos são de natureza de grandes jogos políticos, cá para mim entre Maçonaria e a Opus Dei e outras que nem sei, mas imagino. O que não imagino, mas é real, é que ao abrigo da invocação de diversos crimes (infelizmente, que vão sendo normais entre os políticos) prenderam o cidadão José Sócrates.

Como defensor dos valores republicanos, acho bem que todos os que se servem da República, que deve ser servida e não dela servirem-se, sejam exemplarmente castigados! Não ponho as mãos no fogo por nenhum político, pois que, devido aos exemplos dados, políticos à minha frente merecem, ab initio, total desconfiança, sendo necessário percorrer um longo caminho para a mudança da mentalidade, que, para levar água ao seu moinho, gostam de praticar o seu jeitinho, a sua cunha, junto de qualquer instituição, mas, depois, aqui D’el Rei que os governantes devem ser sérios!

Em Democracia, os seus três pilares fundamentais, Legislativo, Executivo e Judicial devem ser independentes entre si. Devem, mas, mas é aquilo que se sabe e vemos, e se o chavão é dizer-se que a “Justiça é cega”, na prática, mesmo só com um olho vê-se que vê bem as diferenças, normalmente entre os poderosos, que tudo podem (deixam poder) , com milhões para fazerem alpinismo nas montanhas dos recursos até ao perdão final, enquanto o Zé Povinho é condenado na 1ª Instância e… e pronto, não há dinheiro para recursos, obrigado a comer a pena que lhe dão.

Não quero influenciar o cidadão juíz Alexandre, porque lhe deram o poder de decidir, todavia, sua decisão, não sendo dogmática, é passível de ser contestada. Aliás, e bem, sendo contestada, se bem que sem resultados práticos da libertação do cidadão José Sócrates.

Como mero cidadão, constituinte da República Portuguesa, na minha opinião, não é justo manter em prisão preventiva o cidadão José Sócrates, que desempenhou, uma vez eleito, as funções de Primeiro Ministro, dum governo da República Portuguesa.

De que tem medo o cidadão juíz Carlos Alexandre? Que José Sócrates fuja?
Embora haja sempre essa probabilidade, não acredito que tal acontecesse, pois tal seria sua “morte” política e assumpção das culpas a ele imputadas, além de logo ser emitido mandato de captura internacional.
Pergunto:
Qual o problema de José Sócrates ficar com termo de residência e apresentação periódica às autoridades, enquanto processo de investigação e eventual recolha de provas decorresse até ser presente a julgamento?

Para mim, é por demais evidente que este caso está a tornar-se kafikiano, e se falar de Justiça é esperar que se faça Justiça, de tal , em Portugal, de tudo se pode espera, inclusive dezenas de pessoas, ditos de alto gabarito, que deviam estar na “prisa”, mas que navegam fundo, em invisíveis submarinos, que torpedeiam e afundam porta-aviões da justiça.

Por fim, eu, que sou apenas um socialista de ideais, não de partido, que não alinhei nas primárias, fico admirado por o Partido Socialista, com seus militantes e simpatizantes, ainda não se ter mobilizado para perguntar ao cidadão juíz Carlos Alexandre por que é que tem medo de soltar o Sócrates e colocá-lo, simplesmente, com termo de identidade e residência, enquanto decorrem as investigações?

Era um ético ato de justiça soltá-lo, nem que fosse para, mais tarde, ser justiciado, pelos eventuais crimes, alegadamente cometidos!
Falta saber se Alexandre, é sinónimo de Grande!

OS 150 ANOS DO DIÁRIO DE NOTÍCIAS




Hoje dia 29 de Dezembro, o Diário de Notícias comemora a bonita idade de 150 anos de vida, idade, esta que não é muito acessível a qualquer jornal, conseguir sobreviver e sabido resistir, fase às diversas transformações que o País tem vindo a sofrer ao longo deste século e meio de vida. Por “culpa” única e exclusiva de dois homens muito ligados às letras, que nesse dia 29 de Dezembro do já longínquo ano de 1864, fundaram este jornal, tendo sido eles, José Eduardo Coelho que nasceu em Coimbra em 23 de Abril de 1835, tendo vindo a falecer na mesma cidade dos estudantes, em 14 de Maio de 1889, tendo sido então o primeiro director deste jornal até à sua morte. O outro foi Tomás Quintino Antunes, cujo objectivo da direcção era explicado (e passo a citar, o seguinte, retirado há alguns anos de uma publicação a que tive acesso) …”que o jornal visava um único fim. Interessar a todas as classes e ser acessível a todas as bolsas e compreensível a todas as inteligências…”, objectivo este que este o jornal tem vindo a seguir e a cumprir na íntegra ao longo dos anos em que sou leitor, há perto de uns 49 anos, onde tenho vindo todos os dias a aprender e acrescentar mais cultura e sabedoria, desde de menino e moço, logo após ter aprendido a juntar as primeiras letras e a saber ler, até aos dias de hoje, somente com um interregno aquando da minha presença em Angola, no cumprimento do serviço militar obrigatório.
É um jornal da minha preferência e referência, pela sua total independência e total isenção e de fácil leitura e grafismo, onde todos os dias procuro as boas e más notícias, que correm o País e o mundo. Assim espero continuar a deliciar-me com as opiniões de jornalistas sérios e autênticos profissionais.
Como leitor-escritor de cartas, (e, obrigado por me darem por vezes algumas oportunidade de poder dar as minhas opiniões), desejo as maiores felicidades para todos aqueles que trabalham nessa casa. Desejo e espero como leitor, continuar a ter um jornal independente, isento, livre e defensor dos direitos e de transmitir a verdade a todos os cidadãos, com honestidade de homens da cultura, como são e que fazem parte do quadro desse jornal, e que tornam possível a saída deste jornal. Que continuem a dar “Voz aos Cidadãos” , no vosso espaço das “Cartas dos Leitores” que tanta falta faz ao povo, que aí têm a possibilidade única de dizerem de sua justiça e a serem ouvidos devido ao caminho que este País está infelizmente a ser traçado a ser (des)governado, e dirigido por um bando de incompetentes, que têm vindo a levar muitos portugueses à total miséria social.
Parabéns pelos 150 anos de uma enorme persistência e força de informar os leitores com a independência, isenção que os seus profissionais sempre demonstraram.


Mário da Silva Jesus