A campanha eleitoral já começou, e de que maneira. Grande demagogia e mesmo irresponsabilidade por parte do PS, principal alternativa do actual poder. Se o PM tem revelado pouca coragem para travar os gastos públicos da Administração, designadamente das autarquias locais, autênticas agências de empregos para os amigos e familiares de autarcas, já mostra grandes capacidades para empurrar com a barriga o brutal endividamento do País. Claro que é boa ideia trocar dívida pública, agora que as taxas baixaram. Mas isso só nos dá algum alívio nos encargos a curto prazo, pois a dívida tem de ser paga nos prazos, e a sua cobertura do PIB é absolutamente dramática! Não há uma ideia nova no governo, é só cortar na despesa dos mais fracos, que não fazem greves, que não podem paralisar as grandes cidades. São eles os reformados e pensionistas, que depois de uma vida de trabalho a descontar para poderem no fim ter uma reforma decente, e que de uma maneira desumana e arbitrária, veêm-se esbulhados nas suas (por vezes) parcas pensões, sem que antes os contribuintes e as empresas mais poderosas sejam incomodadas a sério. Os contribuintes individuais com dinheiro, há muito que escolheram outros países para sua residência fiscal, e as empresas grandes, muitas delas com grande notoriedade nacional, confessaram ter escolhido outros países até da UE, como sua sede fiscal.
Não há um projecto nacional, nem sequer a nossa política de defesa nacional tem sido revista, com tantas alterações na geoestratégia que se têm produzido na última década.
E o mais que provável futuro PM, então é uma tristeza completa. A única ideia nova que apresenta, é renegociar tudo novamente com Bruxelas. Claro que também considero que o nosso País aceitou o resgate como uma fatalidade herdada dos seus antecessores. Depois até revelou aquele entusiasmo pueril e gratuito de "querer ir além da tróica". Vê-se agora onde isso nos conduziu. Mas daí a querer ou desejar sequer, que a UE, que tão avara se tem mostrado a apoiar outros Países da nossa dimensão territorial e/ou política, venha agora conceder liberalidades ao povo do Dr. Costa, vai uma distância muito grande. O silêncio do futuro PM sobre a política do governo relativamente às referidas pensões é absolutamente sintomática. Não faz a mais pequena ideia de como iremos sair desta camisa de onze varas, que é o nosso crónico défice das contas e o brutal endividamento público e privado. Cada vez mais nos aproximamos da crise vivida na I República, que motivou uma intervenção dos militares, a pôr ordem nas Finanças Públicas e no País. A História bem se pode repetir, pois quando os democratas são incompetentes, os apelos à autocracia, são inevitáveis, mesmo pela população letrada e informada, que a certo ponto até abdica de votar para ter ordem nas ruas e nas instituições.
Publicado (parcialmente) na edição do EXPRESSO de 20/12/14
ResponderEliminarPenso que vamos para onde o povo quiser ir. Mas como vive 'empalado' décadas a fio sem saber que tem nas mãos a MUDANÇA, é mais burro que o esperto burro em vias de extinção.
ResponderEliminarPublicado na edição do "Público" de 27/12/14
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