Muitas vezes páro e regresso ao passado até onde o meu
pensamento e memória conseguem alcançar imagens e vivências que tive e que
jamais voltarão a acontecer.
Assim, estou em pleno ano de 1957, altura em que ‘emigrei’
da província para a segunda maior urbe do país – a cidade de Porto – para me ‘fazer
um homem’. Ainda não tinha 14 anos. Comecei a trabalhar de dia e a estudar à
noite na melhor ‘universidade’ que frequentei, situada na Rua do Sol – a Escola
Comercial de Oliveira Martins.
Lá, conheci um ladino companheiro de estudos – o alegre
Eurico Dória Ribeiro, e que depois nunca mais iria ver.
Acabei o Curso Geral de Comércio sem grandes dificuldades,
para logo, de seguida – em Setembro de 1965 – ir como ‘voluntário’ cumprir o
serviço militar obrigatório, que ‘desaguou’ na Guiné, em missão de soberania,
corriam os anos de 1966 a 1968.
E, após o meu batalhão e companhia – o 1877 e a 1500,
respetivamente – terem regressado à Metrópole, visto eu ter sido mobilizado em
rendição individual, fui colocado no QG – Quartel General – para ir desempenhar
funções na Secretaria da Chefia dos Serviços de Intendência, no Aquartelamento
da Amura, em Bissau.
Então, as minhas novas funções militares eram ir levar
mensagens confidenciais a altas patentes ao QG, dar entrada e registo de
correio vindo dos batalhões, companhias e agrupamentos que estavam no mato
solicitando mantimentos ou requisitando caixões para as baixas que iam
ocorrendo.
E é aqui que o círculo desta história real se fecha. Um dia,
como tantos outros, caiu-me nas mãos mais uma requisição de uma urna. Destinava-se
ao ladino e alegre Eurico Dória Ribeiro. E eu, nesse momento, chorei.
José Amaral
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