A Cultura do nada continua a singrar no sangramento do saber
e da palavra escrita.
Assim escrevo, porque li que ‘casas de escritores no Porto
estão ao abandono’.
A casa de António Nobre, na Foz, mais parece um sem-abrigo.
Está ‘só’, abandonada, entregue à sua
mísera sorte.
A de Almeida Garrett, quase em pleno centro do Porto,
caminha apressadamente para soçobrar à força do camartelo.
A de Eugénio de Andrade, na zona do Passeio Alegre, deixou
de ser poema ‘adolescente’; perdeu a
sua ‘pureza’, como os ‘primeiros poemas’ do autor, muito
longe de ‘as mãos e os frutos’ em ‘Daqui houve nome Portugal’.
Se aqui – no Porto – Eugénio de Andrade aportou e se também nela
cimentou a liberdade, agora nem um pedestal lhe sobrará como estandarte.
Presentemente, só estão na moda os estrangeirismos, como ‘made in china’ por exemplo.
José Amaral
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