quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ancestral plano inclinado nacional


Portugal, ao longo dos seus longevos 870 anos de existência, tem arrostado com as mais graves vicissitudes, apesar de ter sido o construtor de ‘novos mundos’ dados ao mundo. De todos os maus desígnios, sempre ressurgiu das cinzas qual ‘fénix renascida’, sempre pronto a seguir em frente, em busca de um porvir sustentado para todo o seu povo.

No entanto, nos últimos e actuais tempos, prostrou-se à sombra ‘confortável’de uma perniciosa dependência externa, numa ociosidade pobretana, só possível e tendo em conta uma indolente e perigosa subsidiodependência, a génese de toda a instituída corrupção, com a qual políticos, poderosos e pseudo banqueiros se aboletaram, para desgraça colectiva de um povo e da sua memória ancestral.

Então, neste meu monólogo (comigo mesmo), revisitei o que pouco conheço da obra do pedagogo, do historiador, do político e do filósofo, um dos maiores cultores de ideias surgidas em Portugal no seu tempo, e tudo por ele engendrado em prol da sua amada pátria. Falo de António Sérgio (1883/1969), o também fundador do Instituto do Cancro.

E foi ele que avisou que a política nacional padeceu (e continua) sempre da contradição entre duas antagónicas vertentes políticas: a política de fixação e a política de transporte (mobilidade).

Assim, enquanto a primeira fixaria a nossa gente e a riqueza gerada no nosso próprio território, a segunda perde-se na dispersão de sinergias vitais à nação, com pessoas e bens saindo, deixando-nos cada vez mais pobres.

E o mais grave de tudo é serem os próprios governantes a exortar ao êxodo de pessoas e de muita massa crítica, de bens, de capitais e, inversamente, entregam de mão beijada o que de bom poderia ainda estar em nossas mãos. Isto é, ‘poupa-se na farinha e gasta-se no farelo’.

Em síntese, já António Sérgio pensava no século XIX que, por política de fixação, devia haver contínuo investimento no desenvolvimento da agricultura e das pescas, no fomento da manufactura e da indústria, de modo a que o país se auto-sustentasse no mais essencial, evitando-se assim a importação de coisas/produtos que nós todos podíamos fazer/manufacturar, pelo que muita coisa supérflua não entrava e o pleno emprego seria a mais-valia de todas as valias e a fulcral via para o nosso progresso e coesão nacional.

Não sendo assim, o povo adoece, a nação falece e Portugal desaparece.
 
Nota: este meu trabalho, elaborado em Fevereiro de 2013, foi publicado pelo MALHO, de Esmoriz, em 25/3/2013, e pela NORTADA - Revista do Sindicato dos Bancários do Norte, de Março de 2013.

 

José Amaral

 

 

1 comentário:

  1. Poupar na farinha e investir no farelo não será assim tão mau.
    O pão com farelo tem um melhor poder lexativo.
    Se isso ajudar à purga de que estamos necessitados!

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