Portugal, ao longo dos seus
longevos 870 anos de existência, tem arrostado com as mais graves vicissitudes,
apesar de ter sido o construtor de ‘novos mundos’ dados ao mundo. De todos os
maus desígnios, sempre ressurgiu das cinzas qual ‘fénix renascida’, sempre
pronto a seguir em frente, em busca de um porvir sustentado para todo o seu
povo.
No entanto, nos últimos e
actuais tempos, prostrou-se à sombra ‘confortável’de uma perniciosa dependência
externa, numa ociosidade pobretana, só possível e tendo em conta uma indolente e
perigosa subsidiodependência, a génese de toda a instituída corrupção, com a
qual políticos, poderosos e pseudo banqueiros se aboletaram, para desgraça
colectiva de um povo e da sua memória ancestral.
Então, neste meu monólogo (comigo
mesmo), revisitei o que pouco conheço da obra do pedagogo, do historiador, do
político e do filósofo, um dos maiores cultores de ideias surgidas em Portugal no
seu tempo, e tudo por ele engendrado em prol da sua amada pátria. Falo de
António Sérgio (1883/1969), o também fundador do Instituto do Cancro.
E foi ele que avisou que a
política nacional padeceu (e continua) sempre da contradição entre duas
antagónicas vertentes políticas: a política de fixação e a política de
transporte (mobilidade).
Assim, enquanto a primeira
fixaria a nossa gente e a riqueza gerada no nosso próprio território, a segunda
perde-se na dispersão de sinergias vitais à nação, com pessoas e bens saindo,
deixando-nos cada vez mais pobres.
E o mais grave de tudo é
serem os próprios governantes a exortar ao êxodo de pessoas e de muita massa
crítica, de bens, de capitais e, inversamente, entregam de mão beijada o que de
bom poderia ainda estar em nossas mãos. Isto é, ‘poupa-se na farinha e gasta-se
no farelo’.
Em síntese, já António Sérgio
pensava no século XIX que, por política de fixação, devia haver contínuo
investimento no desenvolvimento da agricultura e das pescas, no fomento da
manufactura e da indústria, de modo a que o país se auto-sustentasse no mais
essencial, evitando-se assim a importação de coisas/produtos que nós todos
podíamos fazer/manufacturar, pelo que muita coisa supérflua não entrava e o
pleno emprego seria a mais-valia de todas as valias e a fulcral via para o
nosso progresso e coesão nacional.
Não sendo assim, o povo adoece,
a nação falece e Portugal desaparece.
Nota: este meu trabalho, elaborado em Fevereiro de 2013, foi publicado pelo MALHO, de Esmoriz, em 25/3/2013, e pela NORTADA - Revista do Sindicato dos Bancários do Norte, de Março de 2013.
José Amaral
Poupar na farinha e investir no farelo não será assim tão mau.
ResponderEliminarO pão com farelo tem um melhor poder lexativo.
Se isso ajudar à purga de que estamos necessitados!