Meu irmão, não sei como tem estado o tempo por aí, nem tu o deves saber, que chegaste há pouco, e estas coisas do conforto, não são do pé para a mão.
Aqui foi bom.
O dia e a noite – se assim se pode dizer – foram luminosos, apeteceu sair à rua, sorrimos descaradamente, o frio não se fez sentir.
A noite esteve muito simpática, e depois quando se fez dia, o sol que é dos nossos, aqueceu a alvorada.
Imagina que até as flores que comprei com uma semana de antecedência, tiveram a coragem de se porem de novo rijas e sedutoras . Aguentar até mais não.
Não há flores como as nossas!
Desperdiçámo-nos orgulhosamente pela cidade, por aqueles locais que ambos gostamos, sabes?
Houve momentos até que me confundi: era um oceano de cravos andantes ou um mar de homens, ou flores e homens todos misturados e mesmos, ou sei lá eu o quê, inebriados de novas vontades.
Não importa, eram muitos, fomos todos muitos.
O largo encheu-se.
Deixa-me que te diga, que a lágrima também encheu o olho. Coisas tontas. Não andamos para novos e estamos mais nostálgicos.
Mas sabes o que me desarmou e enalteceu, por aquela coisa que nós teimamos em querer que valeu a pena: foi a minha moça de catorze anos, virtual nética, e youtubber, ser que vive – e bem - num universo que já nos vimos à rasca por acompanhar, ter tido prazer em levar a flor na mão e cantar com gosto aquela canção dengosa da Grândola, dos nossos tempos.
Eu nem sabia que ela a sabia cantar!
Fica-me que Abril é sempre um mês lindo, e as flores, as mulheres , os homens e demais seres desde local único trazem sempre bons augúrios.
Se puderes, quando te ambientares, o que vai ser fácil – para nós é sempre fácil sentirmo-nos em casa – dá uma flor das nossas aos teus novos amigos.
Vão gostar, e que venham por cá visitar-nos, que somos bons jardineiros e apesar dos tempos antipáticos, havemos de conseguir grandes jardins,
A cheirar bem!
Gostei muito do seu texto, Luís Robalo. Gostava de prosar assim.
ResponderEliminarAgradeço as suas palavras. Muito obrigado
ResponderEliminar