Sair com dignidade de um qualquer
cargo, público ou privado, é não só uma conveniência para todos, a começar
pelos próprios, como uma necessidade pública nos dias de recessão que correm. A
sociedade, ou uma simples empresa, desperdiçam bens e valores relevantes,
quando um seu dirigente passou da validade, perdoe-se a vulgaridade. Salazar,
se tivesse saído do poder que construiu, 20 anos antes, hoje seria considerado
um herói nacional. Ao invés, tratam-no muitos como fascista, incompetente e
criminoso até para alguns. E do bem que fez durante os primeiros 20 anos do seu
consulado, só a História um dia o poderá lembrar, porque a maior parte dos seus
contemporâneos, ou já morreu, ou já esqueceu. Isto vem a propósito de dois gerontes
que irão sair brevemente dos seus cargos aos empurrões. Refiro-me ao presidente
do FCP e ao Presidente do governo da Madeira. Aos dois também faltou aquela
inteligência de saber sair a tempo. Sair quando muita obra boa está feita. Sair
por cima, como diz o povo. No FCP foram tantos os momentos de vitória e glória,
nacional, europeia e mundial. Seria num desses ciclos que Pinto da Costa teria
de passar o testemunho, se possível a alguém até da sua confiança, que não
destruísse o património desportivo conseguido. Na Madeira, a mesma coisa. Tanta
obra feita, e depois faltou a Alberto João Jardim a inteligência de saber sair
no momento próprio. Este fez pior ainda, ao ver que os seus principais acólitos
não tinham apoio popular, em vez de saber unir os seus potenciais sucessores
num projecto comum de renovação, está a cavar a sepultura política do próprio
partido de que foi um dos fundadores. Mas como é possível que esta falta de
saber, de sensatez se verifique, mesmo depois de tantos casos que a Vida e a História
nos ensinou? Perdoai-lhes, Senhor, que não sabem o que fazem.
OBS. Esta carta foi publicada no Semanário "SOL", na sua edição de 2 de Maio de 2014.
OBS. Esta carta foi publicada no Semanário "SOL", na sua edição de 2 de Maio de 2014.
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