sexta-feira, 11 de abril de 2014

SAIR AOS EMPURRÕES?


Sair com dignidade de um qualquer cargo, público ou privado, é não só uma conveniência para todos, a começar pelos próprios, como uma necessidade pública nos dias de recessão que correm. A sociedade, ou uma simples empresa, desperdiçam bens e valores relevantes, quando um seu dirigente passou da validade, perdoe-se a vulgaridade. Salazar, se tivesse saído do poder que construiu, 20 anos antes, hoje seria considerado um herói nacional. Ao invés, tratam-no muitos como fascista, incompetente e criminoso até para alguns. E do bem que fez durante os primeiros 20 anos do seu consulado, só a História um dia o poderá lembrar, porque a maior parte dos seus contemporâneos, ou já morreu, ou já esqueceu. Isto vem a propósito de dois gerontes que irão sair brevemente dos seus cargos aos empurrões. Refiro-me ao presidente do FCP e ao Presidente do governo da Madeira. Aos dois também faltou aquela inteligência de saber sair a tempo. Sair quando muita obra boa está feita. Sair por cima, como diz o povo. No FCP foram tantos os momentos de vitória e glória, nacional, europeia e mundial. Seria num desses ciclos que Pinto da Costa teria de passar o testemunho, se possível a alguém até da sua confiança, que não destruísse o património desportivo conseguido. Na Madeira, a mesma coisa. Tanta obra feita, e depois faltou a Alberto João Jardim a inteligência de saber sair no momento próprio. Este fez pior ainda, ao ver que os seus principais acólitos não tinham apoio popular, em vez de saber unir os seus potenciais sucessores num projecto comum de renovação, está a cavar a sepultura política do próprio partido de que foi um dos fundadores. Mas como é possível que esta falta de saber, de sensatez se verifique, mesmo depois de tantos casos que a Vida e a História nos ensinou? Perdoai-lhes, Senhor, que não sabem o que fazem.
OBS. Esta carta foi publicada no Semanário "SOL", na sua edição de 2 de Maio de 2014.

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