Se
fores capaz de não perder a cabeça quando todos à tua volta perdem a deles e te culpam por isso; se fores capaz de confiar em ti mesmo quando os outros duvidam, mas aceitando perguntar a ti mesmo se não terão um bocadinho de razão; se fores capaz de esperar sem deixar que a espera te canse, ou, sendo alvo de calúnia, te recusares a caluniar, ou, sendo odiado, não te deixares levar pelo ódio, sem te tornar sobranceiro nem te perderes em palavras ocas; se fores capaz de sonhar sem deixar que os sonhos te escravizem; se fores capaz de pensar, mas não cruzares os braços; se fores capaz de viver o triunfo e a desgraça tratando-os, a ambos, como os impostores que são; se fores capaz de suportar ver a verdade das tuas palavras deturpada por velhacos para a transformarem em armadilha para os tolos; ou, vendo as coisas a que dedicaste a vida feitas em pedaços, te vergares para as reconstruir com ferramentas já gastas; se fores capaz de juntar, numa mão cheia, todos os teus ganhos, E arriscá-los num cara ou coroa, perdê-los e começar do zero sem nunca soltar um lamento; se fores capaz de obrigar o teu coração, o teu espírito e o teu corpo a servirem a tua vontade mesmo depois de exaustos e, assim, te mantiveres de pé quando já nada restar dentro de ti, exceto a força que lhes diz: “Aguentem!”; se fores capaz de falar às multidões sem perder a virtude, caminhar com reis sem deixar de ser simples; se nem os teus inimigos nem os teus amigos mais queridos te conseguirem magoar; se todos os homens contarem contigo, mas nenhum dispõe de ti; se fores capaz de preencher o fugaz minuto com sessenta segundos vividos plenamente, tua é a Terra e tudo o que nela existe, e — o que mais importa — serás um Homem, meu filho! Rudyard Kipling (1865-1936) |
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
Carta a um Filho
4 comentários:
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.
Este poema é muito forte e saudável. Ainda muito jovem, li-o pela primeira vez num mural de um consultório médico, num período em que me debatia com uma doença prolongada. Nessa altura veio mesmo a propósito, e julgo que o interiorizei. Parabéns por tê-lo inserido no blogue, num momento em precisamos de alento para ultrapassar as dificuldades que estão em terra e, outras, que andam no ar.
ResponderEliminarO título que lá estava mencionado era "Se...".
ResponderEliminarUm Filho é nosso desde que nos nasce até nós, nos irmos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
ResponderEliminarMesmo que crescido fique e nós, envelhecendo, vamos!!!!!
Augusto
... que até, mesmo traduzido para português, começava, em inglês, por if ..., que também li na entrada de uma empresa de navegação.
ResponderEliminar