Numa reacção ao discurso do Presidente na AR, no
dia 25 de Abril, em que lembrou o cerco da Assembleia Constituinte durante 40
horas e consequente sequestro dos deputados (12 para 13 de Nov/75), o SG do
PCP, com a sua falta de educação habitual para com o Presidente, disse que se
tratava de um "desabafo reaccionário". Ainda bem que Jerónimo de
Sousa, reagiu, pois isso permite-nos lembrar a tentativa de "putsch"
militar totalitário, que um grupo de militares conotados com o PCP, e alguma
extrema esquerda militar, desencadearam em 25 de Novembro de 1975. Felizmente
que o então chamado "Grupo dos 9" (Melo Antunes, Pezarat Correia,
Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Sousa e Castro, Vítor Alves e
Vítor Crespo) se opôs militarmente a este golpe, e sob a liderança de Ramalho
Eanes, conseguiu derrotar os sublevados. Com a conhecida camaradagem militar,
este importantíssimo acontecimento do 25 de Novembro, acabou esquecido, porque
hoje em dia andam todos aos abraços. 39 anos passados, sobretudo para os que
nasceram depois do 25 de Abril de 74, é fundamental que não esqueçam que
Portugal esteve à beira de uma guerra civil fraticida, conduzida por uma
esquerda militar e política cujos modelos seriam a União Soviética ou a Albânia,
de tristes memórias. No fundo queriam substituir o regime Salazar-Caetano por
uma nova ditadura, com partido único, mas de "esquerda" ou comunista.
Sim, porque para essa gente, ditadura de esquerda, não é ditadura, é
"democracia directa ou democracia do povo". As ditaduras de direita,
já são "reaccionárias" ou "fascistas". Álvaro Cunhal, à
altura SG do PCP, homem frio e inteligente, "contou as espingardas" e
viu que se mandasse o "seu povo" para a rua, seria derrotado, e então
negociou com o líder intelectual do "Grupo dos 9", Melo Antunes, que
a troco do seu recuo, o PCP não seria beliscado, como não foi de facto, por
expressa intervenção do Major Melo Antunes, na noite da derrota dos golpistas.
Para terminar este registo, indispensável para
que a triste história se não repita, tenho que conceder que Álvaro Cunhal era
um comunista que não enganava ninguém. Jerónimo de Sousa, pode ser simpático,
ter às vezes umas tiradas divertidas até, mas lembro-me de quando foi designado
para SG, alguém lembrou que era o mais "Estalinista" e ortodoxo
comunista do Comité Central. Esta sua reacção no dia 25 de Abril, lembrou bem o
seu amargo de derrotado no 25 de Novembro e do sonho desfeito de transformar
Portugal em mais uma "República socialista" da ex-URSS. A este
sorridente estalinista, prefiro mil vezes o anterior, de cara fechada, mas mais
autêntico.
Obrigado pela coragem, porque a história faz-se com a verdade e não com as conveniências. Ninguém vive a sua própria história, pois só os anos e a isenção filtram os acontecimentos. Ao Marquês de Pombal, só passado quase um século, é que foi reconhecido o mérito da sua obra, porque aos governantes que se lhe seguiram, seus inimigos, só interessava realçar os erros que cometeu. O tempo cura tudo e seca a maledicência do passado para dar lugar à do presente. A obra de alguém deve ser sempre avaliada entre o deve e o haver.
ResponderEliminarCaros, Manuel Alentejano e Joaquim Tapadinhas,serve este comentário para tentar responder de forma séria ao que escreveram sobre "Os derrotados do 25 de Novembro" E começo pelo que disse o Joaquim sobre o artigo do Manuela Alentejano: "(...) coragem" ?, mas qual coragem? aquela de quem está cómodamente do lado do tais "vencedores (leia-se) os novos "Miguéis de Vasconçelos", aqueles que colocaram Portugal sob o humilhante jugo estrangeiro? " A história se fáz com a verdade," . Mas qual verdade? A verdade dos poderosos da banca e das multinaçionais? A verdade daqueles que tanto falaram e falam dos "horrores" do PREC, mas que esconderam durante quarenta anos, que a odiosa pide ainda no dia 25 de abril de 1974,assassinou a tiro quatro cidadãos portugueses? A verdade daqueles que nunca denunciaram o cobarde assassinato de dois trabalhadores agrícolas, numa herdade alentejana por militares da GNR , isto em 1979 (governo da Católica, Maria de lurdes Pintassilgo) afinal os direitos humanos onde paravam? e a justiça dos tais "democratas" do 25 de novembro? JÁ quanto ao eventual papel da antiga União Soviética, falar dele, sem falar do papel dos Estados Unidos e da CIA, na ajuda aos movimentos reáccionários como os, ELP e o MDLP, que durante o chamado "Verão quente de 1975) aterrorizaram quem estava com a Revolução dos cravos, incendiando, espancando e até assassinando á bomba, como foi o caso do padre Max e uma professora, conotados com a esquerda, e tudo isto se passou com a benção de uma certa Igreja mais retrógada representada então, pelo famigerado Cónego Melo. Pergunto-lhes: Será que tudo isto que aqui lembrei é uma mentira? Ou fáz parte de uma verdade histórica, que aqueles que nos estão a "vender" ao estrangeiro, pretendem apagar? Por agora fico-me por aqui, na esperança de que tenha lembrado verdades incómodas, mas verdades sem dúvida. Recebam um abraço do Arlindo.
EliminarConcordo consigo, mas eu acho que se constatou nestes 40 anos que tudo o que diz ou faz a esquerda, é como se estivesse "ungida", é perfeito e ainda por cima não se pode criticar. Quem ousa criticar, é certamente um reaccionário. Que raio de democracia é esta?
ResponderEliminarDiiz que concorda comigo,já de louvar, mas não diz em quê, nem se quer critica a tal censura ou a tentativa de os poderes (PS,PSD e CDS) instituídos sillênciarem "democráticamente" os crimes que apontei. Indigna-me que essa gente fale tanto em direitos humanos e não se incomode com a sua falta nesta lusitana pátria. Mas dessa gente tudo se espera. Porém do cidadão comum e relativamente bem informado,espanta-me que se cale perante tais crimes. Por agora é só. Receça um cordial abraço de quem apreçia uma boa dicussão de ideias, mas com factos reais e não com velhos preconçeitos. Áh, já quanto ás criticas á dita esquerda claro que se devem fazer, ninguém é perfeito,mas deturpar ou esquecer factos históricos, já não é muito democrático, não acha amigo Manuel? Um abraço e viva Portugal!
EliminarEu não concordei consigo, Senhor Arlindo Costa, mas sim com o Senhor Joaquim Tapadinhas. Eu sei bem que os EUA financiaram o PS para poder resistir ao comunismo em Portugal e à sua tentativa totalitária de estabelecer aqui uma nova República da URSS. Mas sabe, eu sou daqueles que entre a ditadura comunista e a ditadura de Salazar-Caetano, nem hesitaria um segundo, preferindo semore a última. Escuso de demonstrar porquê, porque como o Senhor Arlindo Costa diz, os factos históricos dos crimes de Stalin e dos seus sucessores na URSS, são por demais elucidadtivos. Passe bem e muito boa noite.
EliminarSim já percebi sr. Manuel Alentejano de facto seria muito difícil concordar comigo,basta verificar o seu anti-comunismo militante.Mas para acabar com a polémica, dizer-lhe como admirocertos democratas que no seu caso não disse uma palavra de reprovação sobre a violência aterrorizadora da rede bombista e incendiária ligada ao Cónego Melo, ao Elp e ao MDLPe que levaram a cabo o assassinato do Padre Max e de uma professora. Quanto aos EUA não só financiaram como conspiraram cá dentro activamente contra o 25 de abril, aliás como´só eles sabem fazer, veja só o exemplo do golpe militar no Chile, e que colocou no poder o ditador e criminos implacável General Pinochet.Cá não chegou a tanto porque existe um partido forte que nem Salazar (de que muito boa gente pareçe ter saudades) conseguiu destruir. Tenha uma santa noite!. Arlindo.
EliminarSenhor Arlindo, já chegou até ao Pinochet! Eu não milito em nada, nem sequer no meu clube de futebol, sou apenas simpatizante. Partido nunca tive, mas desde o 25A votei sempre. Penso que serei mais livre intelectualmente que o Senhor. Vejo que me quer pôr um epíteto, isso é próprio de um verdadeiro esquerdista ou comunista. Gostam de nomear, designar, até insultar, muitas vezes. Faço-lhe essa cortesia, pode chamar-me um anti. Anti totalitário, de esquerdas ou direitas. Tem agora alguma crítica mais? Acha que não tenho o direito de ser anti totalitário das esquerdas? Contra uma ditadura comunista? Ou só me "autoriza" a ser antifascista? A ser anti-Salazar, anti-Pinochet? Não posso ser anti-Cunhal? Só porque ele foi de "esquerda"? Eu não tenho entrolhos. Ditadura é ditadura. Ambas me merecem críticas, e condeno-as igualmente. Não desculpo as ditaduras de esquerda, lá porque uma "vanguarda revolucionária", me atira à cara que está a defender os "interesses do povo". A nossa revolução teve muitas vítimas. O Senhor referiu algumas. Eu não o fiz, porque não vinha ao meu caso. Mas já que insiste, pergunto-lhe. Viu por acaso um inocente casal que se transportava num Austin Mini em 1975 e que foi bárbara e cobardemente assassinado às portas do RALIS, sem a mínima justificação? Alguém da tal "vanguarda de esquerda" foi indiciado? Alguém foi julgado? Terá sido por estarem a "defender o povo"? Passe bem caro amigo. Um bom 1º de Maio para si.
EliminarAmbos têm toda a razão. Eu, sendo de esquerda de nascença, pois sou canhoto em muitas coisas, não concordo com tanto sectarismo instituído, pois uma arma tanto é letal disparada pela esquerda com pela direita. O que não podemos aceitar é que se mudem as regras do jogo quando ele já vai a meio. E só com honestidade, cultura e respeito mútuo que poderemos ultrapassar o que nos divide, que é, estou certo, muitíssimo menos daquilo que nos une: a língua, a pátria, a nação, PORTUGAL.
ResponderEliminarA História merece mais respeito, porque sem ele não vamos lá. Como disciplina própria, também tem regras de aprofundamento e compreensão. Introduzir lugares comuns numa discussão séria e apelidar os outros de epítetos nada abonatórios não é razoável. Nada sabemos uns dos outros, pelo que é difícil avaliar os que em certo momentos parece estarem em barricadas contrárias às nossas, mas que no essencial não estão. Um abraço lusitano que engloba todos os que estão despertos para lutar por um Portugal mais justo e fraterno.
ResponderEliminarBoa Tarde amigo Joaquim, estou de acordo, "a história mereçe mais respeito" e foi por isso que aqui relembrei os trágicos acontecimentos, até por respeito ás vítimas, e á própria verdade histórica. E chamar a esses acontecimentos trágicos de "lugar comum" é no mínimo para mim um pouco estranho. Quanto á barricada, certamente que estamos do mesmo lado pela luta por um Portugal mais justo e fraterno, e é por isso que entendo que quem se entretem, a apontar as "armas" a uma certa esquerda" e se esqueçe dos crimes de uma certa direita,está a cometer um enorme erro e até injustiça. Rceba um amistoso abraço da minha parte e Viva Portugal! Arlindo..
EliminarCaro Amigo Arlindo
ResponderEliminarO lugar comum a que me referi, é o tratar de "Miguel de Vasconcelos" - tradicionalmente apelidado de traidor e serventuário de Espanha -,aqueles que têm opinião diferente da nossa, na discussão que temos todos de ter sobre a forma como podemos sair do beco em que nos colocaram. São momentos históricos completamente diferentes que, por isso, devem ser tratados com o cuidado que merecem. Um, já foi, é história. Outro, está a ser vivido e é a nossa vida que está em causa. Semear inimigos não é boa tarefa num momento tão ingente. Um pouco de modéstia, a todos nós, não seria inoportuno, porque não somos assim tão sábios a receitar medicamentos para a moléstia. Temos de procurar o que nos une, e não cultivar com afinco o que nos divide. Um abraço lusitano.
Caro amigo Joaquim, esclareço que quando falei nos "Migueis de Vasconçellos" estava a pensar nos governantes deste desprezível Governo do (PSD/CDS). Por isso se o ofendi, peço-lhe desculpa.Quanto aos factos de 1640 , estou de acordo, já foi história, mas os outros factos que mencionei, como o terrorismo da rede bombista ligada ao ELP e ao MDLP e que cometeram crimes como incendiar sedes de partidos de esquerda , espancar militantes de esquerda, assassinar pessoas de esquerda, fazem parte da recente história recente e é isso que eu nunca entendi que fosse silênciado, por quem se diz democrata e aqui,(não falo de ninguém em particular) . Isto quando se elogia (desculpe-me a franqueza) alguém que escreve um texto como o que ecreveu o nosso amigo Manuel Alentejano, de teor tremendamente anticomunista e recheado de omissões. Por isso se alguém semeou inimigos (espero que não) foi o texto "Os derrotados do 25 de novembro", e como diz o povo : "Quem semeia ventos colhe tempestades", ou será que subscreve esse tratado de anticomunismo? Tenho quase a certeza que não, mas mesmo que o subscrevesse, julgo que teria o bom senso de não o publicar naqueles termos. Por agora julgo que me esclareci melhor e espero poder continuar a tratá-lo como amigo apesar de eventuais divergências que possamos ter em relação ao modo como vemos a recente história de Portugal. Mas,atenção, ninguém me peça para ofereçer a façe direita depois de me baterem na façe esquerda, apesar de me chamar Jesus não sou Cristo. Um grande abraço de quem valoriza, a verdade, a franqueza (ainda que ás vezes seja menos elegante) a coragem e a lealdade, venham de homens ou mulheres quer sejam de esquerda, do centro(se é que em politica existe) ou da direita. Arlindo.
EliminarAmigo Arlindo
ResponderEliminarGosto de conversar consigo, pelas suas ideias, pela sua franqueza e pela energia com que defende o que julga correcto. Tenho muitos e bons amigos que são ou foram do Partido Comunista, que conheci e trabalhamos juntos muito antes do 25 de Abril, mas a minha militância política foi durante mais de duas décadas no Partido Socialista, tendo, mais que uma vez, pertencido ao Secretariado Distrital de Setúbal, e intervido em alguns congressos nacionais.
Possivelmente o defeito é meu, mas cansei das guerras e das pseudofidelidades partidárias. Hoje sou livre de votar ou não. Quanto à democracia, para ser real, deve ter regras claras e por mais que se apregoe as benesses das ditaduras, sejam de esquerda ou direita, não penso que possam fazer felizes os povos por elas tutelados. Nos últimos séculos as sociedades tem evoluído na procura de criar sociedades diferentes, mas muitas experiências têm soçobrado sem atingir um fim aceitável. Julgo que estamos no final duma civilização, que dará lugar a outra mais justa e fraterna, mas que deverá levar muito tempo para cimentar, porque os opressores que detêm o poder capitalista não compreendem que o mundo tem de mudar. A liberdade dá-nos a todos a possibilidade de expressar as nossas ideias e convicções sejam a favor ou contra os diferentes modos de governar os povos. Perseguir alguém só porque pensa de maneira diferente da nossa, não me parece correcto, porque os modelos inquisitoriais já não devem ter lugar no século XXI, até porque nunca deviam ter existido. Um abraço lusitano.