terça-feira, 9 de setembro de 2014

12 horas na escola


Fiquei a pensar, muito apreensiva enquanto mãe e professora, nessa notícia de ontem redigida pelo jornalista Abel Coentrão: «Crianças de Gaia podem estar na escola entre as 7h 30 e as 19h 30». Segundo parece, as crianças do pré-escolar e do primeiro ciclo deste concelho “poderão permanecer, se os pais quiserem, das 7h30 até às 19h30.”
Com esta medida, que aparentemente é muito positiva, teremos, com certeza, muitas crianças entre os 3 e os 9/10 anos, a passar (e a serem «depositadas» 12 horas no mesmo edifício). Facilitar-se a vida a alguns pais é prejudicar os filhos.
As outras 12 horas serão para dormir e uma ínfima parte do tempo para estar com os pais e família.
Porque não são colocadas as coisas de outra forma? Porque não são o Governo, as empresas e entidades patronais a dar a boa notícia de promoverem uma maior flexibilidade de horários para os trabalhadores –pais?
Não devíamos permitir que se chegasse a pensar em mediadas desta natureza. Que rendimento terão estas crianças que chegam à escola às 7h30 e saem de lá 12 horas depois?
Deveriam os pais trabalhar tantas horas por dia?
De quem são os filhos? Das famílias ou da escola?
Neste programa de Gaia Aprende Mais, será mesmo isso que vai acontecer?
Para terminar: os pais, obrigados a tantas horas de trabalho, ficarão aliviados com as facilidades deste programa e aceitarão o que se está a oferecer. E as crianças? Perguntaram-lhes se querem estar 12 horas na escola?

(DN, 19.9.2014)

2 comentários:

  1. Este é um país que se encaminha para uma administração com regras frouxas,sem princípios. Não respeita as pessoas mais indefesas, e ao declarar a possibilidade de uma criança estar "presa" 12 horas no mesmo local, pensa estar a fazer algo de importante, pois, quem toma estas medidas, nada percebe da relação entre as pessoas e os locais que habita ou percorre. Com a mania da inovação, qualquer mentecapto lança uma ideia e os companheiros, para não parecerem caretas, aprovam de imediato. Em muitas casos, mais dos que seria possível controlar e remediara impera a parvoíce. É o país que temos e, considerando que devemos lutar contra estas situações, chego a pensar que estamos a bater com a cabeça na parede. Parabéns por continuar a dedicar muita atenção à educação e formação das crianças.

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    1. Obrigada. Faz-me muita impressão que as crianças possam estar 12 horas fora da família...

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