O mundo actual vive numa contradição angustiante. As regras
acabaram. O que ontem se disse, hoje perdeu credibilidade.
Um banco pode transformar-se numa caverna de malfeitores,
para, depois, numa falaciosa cosmética, se transformar numa instituição idónea
à custa dos ‘tansos’ que a municiaram e municiarão, enquanto os ladrões ficam
em bom recato.
O Estado deve milhares de milhões, arruinou a sociedade,
desbaratou famílias, levou à falência milhares de pequenas e médias empresas, e
já hipotecou 1/5 dos portugueses, enquanto milhares não têm emprego ou ocupação
digna, e outros milhares zarparam porta fora antes de serem obrigados a trabalhos
forçados ou a prostituírem-se.
Depois, os bem-intencionados, vão tentando acreditar numa
renovação de ‘pensadores’ que vão dizendo fazer mais e melhor pela causa
pública, para logo ao dobrar da esquina ouvirmos dizer que até os nossos ‘queridos’
deputados estão a passar fome, uma vez que ganham uma ´miséria’ para o muito
pouco que fazem. Lacrimejou um desses ‘doutos’ e troantes figuras que
confessaram mudar este mundo, mas logo que uma mísera areia se postou à frente
dos seus pés, logo gritou ‘aqui d’el-rei’, numa trapaça aviltante para quem de
leis diz saber.
Ninguém está contente com nada e quem mais berra menos tem
razão, pois não passam de carpideiras instituídas, sempre à espera de também meterem
o focinho na gamela dourada de um qualquer lugar público da amancebada Lisboa.
E, nós, os deserdados, nem sequer uma ‘pepita’ de negro
carvão temos nas mãos.
José Amaral
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