A nossa
governança não é obscena pela mentira, pela baixa matreirice, por os bolsos das
calças se porem a jeito às moedas, pela arbitrariedade e escolha de amigos,
pela incompetência, pela gritante incompetência, pela soberba, pela maldade.
Por tudo
isso a nossa governança é podre e não obscena.
É obscena,
porque meia dúzia de miúdos da única escola secundária das Artes em Lisboa que
não têm professores para começar as suas aulas, têm a coragem de se manifestar
em frente ao Ministério da Educação, e ninguém os recebeu.
Ninguém quer saber deles para nada.
Artes?
....
No momento
desta pequena e ruidosa manifestação tomava café ao lado do Ministério e o empregado, em conversa com clientes no
balcão, fez um comentário que me explicou o ponto a que chegámos da nossa vida
em democracia: “quando fazem mais barulho deve ser porque marcaram golo”.
Riram-se todos muito.
Sai do café
e juntei-me ao ruído dos putos.
Fartámo-nos de marcar golos, numa baliza sem guarda redes.
A nossa
governança só é obscena e só está podre porque deixamos, e nesta nossa pequenez, alguns ainda têm a mania que são engraçados.
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