Pedro Passos Coelho continua a não surpreender. O seu Governo tem-se caracterizado por, entre outros aspectos menos positivos, definição e concretização de medidas da frente para trás, em ordem inversa, começando pelo telhado do edifício, em vez de o iniciar pelas fundações.
Agora, há poucos dias, apresentou a intenção de replicar os vistos gold nos "Territórios de Baixa Densidade", atribuindo-os a quem investir e criar emprego no interior do país. Parece-me boa ideia. Muito boa ideia. Ou seria, não fosse ter, até aqui, encerrado, nestes "Territórios", escolas, tribunais, centros de saúde, repartições públicas e aumentado exponencialmente os custos de deslocação, quer pelas distâncias que passaram a ser necessárias percorrer no dia-a-dia, quer pelo fim das SCUT's, muitas delas ainda sem uma alternativa rodoviária digna desse nome.
Mais uma vez, as pessoas são preteridas em detrimento do poder económico dos empresários. Estes criarão as suas empresas, algumas empresas, subsidiadas pelos recursos dos contribuintes (investimentos mais baratos) e concederão emprego precário, aceite por quem não tem outra alternativa (nem sequer capacidade de emigrar). Quem se submeterá a um emprego nestas condições, onde tenha que percorrer 30 quilómetros para deixar o filho na escola, outros tantos para o ir buscar; 50 quilómetros, caso precise de uma consulta num centro de saúde, ou ainda mais, se tiver que ir a um hospital? Apenas aquelas pessoas cujo agregado familiar é constituído por um ou dois elementos. Será esta uma medida coordenada com outras, tais como a ansiada política de natalidade? Não saberá o Governo que fechar serviços e, passado algum tempo, reabri-los custa muito mais do que ter criado incentivos logo à partida para o aumento populacional nestas áreas?
Eu sou, há muito, favorável à existência de incentivos a quem pretenda fixar-se no interior. Tanto a pessoas como a empresários. Não há pessoas sem empresas nem há empresas que subsistam sem pessoas. Mas é necessário que existam condições prévias, ao nível de infra-estruturas, para ambos os grupos, para que essa fixação e essa atractividade sejam possíveis e concretizáveis.
Não é por se aumentar, hoje, o número de especializações em pediatria e se reduzir o número de geriatras que iremos inverter a nossa pirâmide etária (qual pirâmide?!). É com a expectativa real de existência de creches e escolas nas proximidades. É com urgências médicas a serem tratadas urgentemente.
Tal como fez desde o início do mandato, reduzindo salários e pensões em vez de atacar, realmente, os imensos gastos públicos supérfluos, tal como o guião de reforma do Estado foi apresentado apenas na segunda metade da legislatura e está ainda por definir, não passando de frases avulsas, toda a política do actual Governo se tem assemelhado mais a um caranguejo do que a um coelho. Por isso, deixarei um apelo numa forma que seja, pelos seus elementos, entendido: OÃN MISSA!
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