quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Estou a morrer


Há setenta anos que estou a morrer
Desde o dia em que nasci.
Fui foguete a estrelejar
E na quimera morri.

Agora, pelo tempo, vou passando.
Foi-se a primavera e o verão,
E, antes que chegue o inverno,
Vou vivendo o outono.

Estou a chegar ao fim:
Caminheiro sem destino,
Para que um dia, enfim,
Termine o meu desatino.


José Amaral

1 comentário:

  1. O ter passado pelo estado a que chamamos vida é algo que o torna eterno, porque o ter vivido é um marco que não pode ser apagado. Ter consciência de ter existido é uma afirmação do ser. Depois, o tempo se encarregará de enterrar a nossa memória.

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