quarta-feira, 24 de setembro de 2014

a salsicha de passos

À parte da insólita expressão "salsicha educativa" proferida por Passos Coelho na cerimónia de abertura do ano letivo no Conselho Nacional de Educação, todo o discurso do primeiro-ministro é perfeitamente enquadrável num ignóbil teor proto-reacionário. Na sua cabeça, prevalece e cimenta-se a ideia de que antigamente é que era e que as várias reformas educativas ao longo destes anos (leia-se, pós-25 de abril) mais não trouxeram do que  a deterioração da qualidade do ensino. Está, pois, muito enganado o senhor primeiro-ministro. Bastaria, simplesmente, olharmos para o número de jovens que estudam para concluir o contrário, ou seja, a massificação traz (ou pode trazer) também qualidade. O que a abertura da escola a todos não pode assegurar é ministros competentes. E, infelizmente, o que de mais visível estes três penosos anos trouxeram à educação foi precisamente uma postura negativista sobre um avanço civilizacional que a escola pública representa ao possibilitar um alargamento de um leque de entradas educativas, independentemente das variáveis financeiras e etárias de cada cidadão. Obviamente, para pessoas como Passos Coelho, a escola pública deve situar-se a milhas deste desígnio de formação integral.

3 comentários:

  1. Bom comentário
    Na minha opinião, habitação, saude e educação, são os princípios constitucionais que protegem os cidadãos. Razão por que são matérias tão difíceis para qualqquer governo. Já no tempo da ditadura salazrista, apesar do regime política, havia grandes cabeças pensantes (riso, eu vivi na ditadura), que se mais não fizeram seria porque eram impedidos. No aspecto da educação. lembro-me do esforço do min.Veiga de Macedo qundo implementou a educação para adultos. Era já uma preocupação perante o panorama de então. Havia ainda, e hoje não sei se não seria uma boa solução para ocupar os professores desempregados, os regentes escolares, que, com poucas habilitações académicas, ensinavam as primeiras classes nos lugarejos lonje das escolas, e a que os alunos não tinham possiblidade física de frequentarem. Bastava-lhes uma saleta para as aulas. Os livros das primeiras classes (como os meus, e que vim ver espalhados pelo interior de Angola, durante a guerra civil nos anos 80/90), duravam anos, passando entre irmãos, primos ou amigos. Hoje, apesar do desnvolvimento mais precoce da juventude, desde os primeiros anos, mercê das novas tecnologias, e principalmente de um maior nível cultural dos pais, ainda que o dr. eng ou arqt. seja uma promoção social, esses títulos estão a esbaterecem-se, mercê de uma maior cultura geral universalidada que aproxima o nível de discussões de reunião, num tu cá tu lá. Estes governos, querendo deixarem marcas da sua governação, estão a destruir a possibilidade de criarem uns bons métodos do ensino nacional, se tivessem a humildade de poerem dialogar e aceitar todas as contribuições de partidos, profissionais do ensino e dos estudantes.
    duarte dias da silva

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  2. Concordo plenamente consigo, Duarte Dias da Silva. Aborda, no seu comentário, indiretamente, a questão da desertificação do interior, com o encerramento das escolas. Na verdade, é muito discutível a questão da aglomeração dos alunos em mega centros escolares. Há aspetos "do antigamente" que podiam ser muito bem aproveitados para a realidade atual. Eu próprio tive a experiência, há meia dúzia de anos, de lecionar, à noite e em aldeias distantes, adultos (como antigamente). E pode crer que foi uma experiência muito positiva, para mim e para os alunos. O interior deve ter uma discriminação positiva e não o contrário. Dou-lhe o exemplo da reforma da justiça, com o levantamento de uma simples questão: por que razão se encerram tribunais no interior, a pretexto do paradigma (que não discuto) da especialização dos juízes e não se opta pela mobilidade destes, quando se afigurar necessário? Não seria mais simples?

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