A tapera
(Extraído do livro Terra e Flores, de
Cristiane Lisita)
Incrustada
entre os trilhos abandonados
a tapera era suja
feito bêbado caído no asfalto
fedendo a mijo
na vergonha espalhada pela calçada
na penumbra
que ajeita as sombras
pro amasso no canto do muro.
A tapera era fria
em julho sem flanelas
e janelas com fendas
espiando a lama
o musgo que prolifera
os gatos concorrendo
lavagem com as moscas.
A tapera era pequena
tal qual sonho de operário
no seu prateado universo
de marmitex
reluzindo suor,
e a vida, uma lua minguante,
dentro e fora das paredes de
papelão.
*Cristiane Lisita
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.