Está instalado na
sociedade a discussão polémica sobre o direito e as formulas
diversas de gerar seres humanos com os meios que a ciência atual
permite, como o uso da fecundação in-vitro e de barrigas de
aluguer. Fala-se em direitos e deveres; regras, moral e éticas
diversas conforme os povos e vontades particulares das mentes
brilhantes ou dos candidatos a futuros pais, ou somente gestores de
um ser que nada tem a ver ou a haver com tanta polémica, não pediu
para nascer, ser gerado ou ser fabricado de uma forma ou de outra,
mas que será no futuro, que se deseja longo, (70; 80; 90; ...anos),
a causa ou a razão de experiências científicas, ou seja, passará
a fazer parte de um numero na lista de “coisas” que a mente
humana idealizou. Será melhor ? Será pior? . Para mim é contra
natura.
Na minha opinião,
deixando os avanços da ciência e da técnica de lado, mas pondo a
tónica na ética da vivência de um povo e na moral humana que
sempre se regeu, deve continuar a reger-se por valores imateriais
acima dos avanços científicos. Até nos campos não chega deitar a
semente à terra, que pode ser alugada; emprestada ou dada e ter bons
frutos, se não houver um cuidador preocupado em regar; proteger do
frio, do vento, da chuva ; das doenças, falar com elas; arranca-las
da terra com cuidado e carinho e só depois poder levar com
satisfação para casa. Qualquer semente não chega ao seu terminus
saudável e dando bons frutos sem estes cuidados. No final de tudo,
eticamente a quem pertence o fruto?. Ao dono da semente ou ao
agricultor zeloso ?. Deixo agora alguns pontos de vista para possível
discussão.
- Filosoficamente
falando e tendo em conta as várias crenças ou condutas religiosas
que tanto influenciam a moral e a ética de cada povo, sugiro
pensar se não será uma razão de destino; karmica ou outra, a
impossibilidade de uma mulher poder gerar dentro de si o seu
próprio filho e uma nova vida ?.Já que é entretido que ser mãe
não é só ser gestante, mas também e principalmente quem cria,
educa e ama, não será uma razão para ser mãe disponibilizar-se
a dar amor a alguém que nunca lhe pertenceu de forma alguma, da
raça, da cor, do estrato social?. É mais difícil amar ou dar
amor ao nosso inimigo ou a alguém desconhecido ou que não nos
pertence, sendo este um amor mais verdadeiro, do que, embora
verdadeiro, a todos aqueles que entendemos fazer parte dos nosso
laços familiares porque é mais fácil. A essência do amor está
neste altruísmo por ser mais difícil.
- Por outro lado o
objectivo de alcançar ter filhos usando barrigas de aluguer, parte
de um princípio que a criança vai ser saudável; loira de olhos
azuis ou verdes; 35cm; 4kg de peso; etc,.....
Mas se por ventura
e infelicidade tiver de se tomar uma opção em que haja risco de
vida para a mãe ou para acriança, quem toma a decisão da opção?
- a mãe barriga de aluguer quando é esta que está em risco a sua
vida, ou os futuros pais da criança?
Mas se por ventura
ou infelicidade a criança não corresponde a estes padrões de
beleza idealizados pelos pretensos pais, e, por circunstancias
anómalas de deficiência genética não detetadas antes; por
acidente traumático físico ou psicológico da encubadora; por
acidente na altura do parto; etc..., a criança vem ou fica com
deficiências físicas ou intelectuais para a vida, será que os
pertenços pais continuaram a quer e a amar a criança da mesma
forma?, ou vão imputar responsabilidades à mulher cubaia, por não
ter sido atenta, cuidadosa, precavida, ser negligente, e declinando
a responsabilidade a esta, para com a criança que deu à luz, e que
no seu intimo é de facto o seu filho porque, esteve, cresceu e
saiu de dentro dela?. Agora pergunto:
A) – Ética e
moralmente, quem é responsável pela criança ?
B) – Legalmente a
quem deve ser imputada responsabilidade. - aos progenitores ? - à mulher barriga de aluguer ? à sociedade em geral que assumiu e
aceitou as regras ?
Emídio Cunha
19-03-2015
Aqui, na minha opinião, a essência da questão, não são os que desejam ter a criança ou a gestante. O problema é a criança. Como se sentirá ela quando souber da forma como apareceu? E quando os adoptivos pais, por qualquer motivo, por morte ou por "desinteresse" ( por não ser aquele o filho com que sonharam), deixando a criança, eventualmente ao "Deus dará", pois a sociedade não se incomoda suficientemente com as situações de abandono, ou maus tratos, que sabemos que nos relatam as informações do dia-a.dia. É urgente pensar profundamente na criança.
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