quinta-feira, 19 de março de 2015

Barrigas de Aluguer


Está instalado na sociedade a discussão polémica sobre o direito e as formulas diversas de gerar seres humanos com os meios que a ciência atual permite, como o uso da fecundação in-vitro e de barrigas de aluguer. Fala-se em direitos e deveres; regras, moral e éticas diversas conforme os povos e vontades particulares das mentes brilhantes ou dos candidatos a futuros pais, ou somente gestores de um ser que nada tem a ver ou a haver com tanta polémica, não pediu para nascer, ser gerado ou ser fabricado de uma forma ou de outra, mas que será no futuro, que se deseja longo, (70; 80; 90; ...anos), a causa ou a razão de experiências científicas, ou seja, passará a fazer parte de um numero na lista de “coisas” que a mente humana idealizou. Será melhor ? Será pior? . Para mim é contra natura.
Na minha opinião, deixando os avanços da ciência e da técnica de lado, mas pondo a tónica na ética da vivência de um povo e na moral humana que sempre se regeu, deve continuar a reger-se por valores imateriais acima dos avanços científicos. Até nos campos não chega deitar a semente à terra, que pode ser alugada; emprestada ou dada e ter bons frutos, se não houver um cuidador preocupado em regar; proteger do frio, do vento, da chuva ; das doenças, falar com elas; arranca-las da terra com cuidado e carinho e só depois poder levar com satisfação para casa. Qualquer semente não chega ao seu terminus saudável e dando bons frutos sem estes cuidados. No final de tudo, eticamente a quem pertence o fruto?. Ao dono da semente ou ao agricultor zeloso ?. Deixo agora alguns pontos de vista para possível discussão.


    - Filosoficamente falando e tendo em conta as várias crenças ou condutas religiosas que tanto influenciam a moral e a ética de cada povo, sugiro pensar se não será uma razão de destino; karmica ou outra, a impossibilidade de uma mulher poder gerar dentro de si o seu próprio filho e uma nova vida ?.Já que é entretido que ser mãe não é só ser gestante, mas também e principalmente quem cria, educa e ama, não será uma razão para ser mãe disponibilizar-se a dar amor a alguém que nunca lhe pertenceu de forma alguma, da raça, da cor, do estrato social?. É mais difícil amar ou dar amor ao nosso inimigo ou a alguém desconhecido ou que não nos pertence, sendo este um amor mais verdadeiro, do que, embora verdadeiro, a todos aqueles que entendemos fazer parte dos nosso laços familiares porque é mais fácil. A essência do amor está neste altruísmo por ser mais difícil.
    - Por outro lado o objectivo de alcançar ter filhos usando barrigas de aluguer, parte de um princípio que a criança vai ser saudável; loira de olhos azuis ou verdes; 35cm; 4kg de peso; etc,.....
  • Mas se por ventura e infelicidade tiver de se tomar uma opção em que haja risco de vida para a mãe ou para acriança, quem toma a decisão da opção? - a mãe barriga de aluguer quando é esta que está em risco a sua vida, ou os futuros pais da criança?
  • Mas se por ventura ou infelicidade a criança não corresponde a estes padrões de beleza idealizados pelos pretensos pais, e, por circunstancias anómalas de deficiência genética não detetadas antes; por acidente traumático físico ou psicológico da encubadora; por acidente na altura do parto; etc..., a criança vem ou fica com deficiências físicas ou intelectuais para a vida, será que os pertenços pais continuaram a quer e a amar a criança da mesma forma?, ou vão imputar responsabilidades à mulher cubaia, por não ter sido atenta, cuidadosa, precavida, ser negligente, e declinando a responsabilidade a esta, para com a criança que deu à luz, e que no seu intimo é de facto o seu filho porque, esteve, cresceu e saiu de dentro dela?. Agora pergunto:

A) – Ética e moralmente, quem é responsável pela criança ?
B) – Legalmente a quem deve ser imputada responsabilidade. - aos progenitores ? - à  mulher barriga de aluguer ? à sociedade em geral que assumiu e aceitou as regras ?


Emídio Cunha
19-03-2015

2 comentários:

  1. Aqui, na minha opinião, a essência da questão, não são os que desejam ter a criança ou a gestante. O problema é a criança. Como se sentirá ela quando souber da forma como apareceu? E quando os adoptivos pais, por qualquer motivo, por morte ou por "desinteresse" ( por não ser aquele o filho com que sonharam), deixando a criança, eventualmente ao "Deus dará", pois a sociedade não se incomoda suficientemente com as situações de abandono, ou maus tratos, que sabemos que nos relatam as informações do dia-a.dia. É urgente pensar profundamente na criança.

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