quinta-feira, 19 de março de 2015

RESMAS DE DINHEIRO!


VAMOS TER UMA ESCOLA DE MÚSICA LINDA!

Com os cofres do Estado a regurgitar dinheiro - moedas de dois euros que pingam das gavetas e podem até causar infiltrações, ou buracos no soalho -  estamos convencidos que por um lapsus memoriam, ou por não ter jeito para números, ou pela maldade habitual dos jornalistas que só se alimentam de sensacionalismos, a verba que o excelso académico senhor ministro da educação e cultura anunciou para a requalificação imediata da escola de música de Lisboa não foi de quarenta e picos mil euros, mas quatro milhões e tal picos.

Não foi ele que assobiou esse número para o ar, foi provavelmente, eventualmente, abusadamente, o secretário do secretário do adjunto do mesmo. Terá mesmo sido o porteiro que ouviu e quis dar-se ares de mandante político? A fazer-se de importante, estão a ver?

Já foi nomeada uma comissão, inspeção, grupo de trabalho independente para responsabilizar e onerar com castigo o administrativo responsável. Desemprego compulsivo com pulseira electrónica e sem direito a reforma.

O que o senhor ministro excelso e académico quis dizer foi que, com os cofres assim que não se contêm mais, vão dispensar o que faça falta para que os miúdos deste país também possam fazer música: afinal tarefa tão ou mais importante do que ser político.

Conseguiu-se mesmo apurar, por fontes que pedem o anonimato, que o dito do excelso já demitiu hoje mesmo o porteiro, responsabilizando-o politicamente pelo descrédito gratuito e criminoso que intentou contra o bom nome do governo.

Mais, o académico com o blazer azul cheio de pó, foi visto ao fim do dia a transportar sacos de cimento para o porta bagagens do mercedes catita com que lhe facilitam as deslocações (com estas greves constantes do metro como é que o homem poderia sair à rua e tomar o pulso do bom andamento das escolas?), contributo pessoal e do seu bolso para a reconstrução da escola.

Ainda se queixam, por tudo e por nada, só pelo prazer de serem do contra! Ingratos! Os filantropos não vos merecem, gente reles.



1 comentário:

  1. Publicado hoje no Público, dia 21, Dia da Poesia. Na senda do costume, este texto crítico, amargo e doce, vai ao fundo da questão. Esta gente que nos governa é duma insensibilidade tal que nos arrepia e assusta. A maioria dos que nos governam não lêem este texto e se, acaso o lessem não o perceberiam como não percebem a desgraça que fazem a este país. O Luís, homem de "sete costados e duma só fé", irá continuar a "gritar", e estes irresponsáveis, surdos e imbecis, não o ouvirão, como sucede com outros cidadãos que ainda esperam o milagre, não das rosas, mas da justiça e da inteligência. Parabéns por mais este óptimo texto.

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