Está tudo
preso por frágeis fios, que com uma ligeira brisa se vão partindo um a um.
Anda tudo e sempre à volta das mesmas
palavras: compadrio, favorecimento, protecção, aproveitamento, mentira,
soberba, desprezo, desleixo, incompetência.
É este
infelizmente o dicionário ilustrado da Democracia portuguesa, como foi o do
Estado Novo, unicamente com a mudança e ou acrescento de uma ou outra palavra.
À velocidade
dos acontecimentos é bastante provável que em 2015 se assista à queda deste
regime, ou pelo menos ao desmembrar da tecitura partidadária do “arco” que tem alternado o desgoverno do
país nos últimos quarenta anos.
Todos os
dias veem à tona e conhecimento público as baixezas, e malandrices destes que
estão no poder; de quando em quando ainda se destapa alguma dos que antes estiveram;
e amanhã é só uma questão de fazermos o
jogo do adivinha, que alguma “novidade”, das apetitosas e tristes há-de dar à
costa dos murmúrios.
Não se
julgue no entanto que as próximas legislativas , mesmo com mudança de cadeiras,
tragam algo de novo. Só mudam mesmo os rabos nas cadeiras.
A realização
das utopias é o fantasma dos políticos, porque os obrigaria a arriscarem e
terem coragem, quando a manta e as pantufas no sofá da sede do partido, são um
conforto que nenhum abdica.
São todos
muito parecidos, falam o mesmo jargão, os aparelhos pesados e pouco criativos funcionam da mesma
maneira.
Só mudam os
nomes, mas esses já não valem nada, esquecidos estão os tempos em que se dava o
nome como garantia de honradez e respeitabilidade. Hoje, se for caso de disso
até lhes acrescentam “e” e “de” , uma espécie de “actualização” de software,
que a bem do votito, se for preciso renega-se o nascimento.
Assim, que
nos fica uma grande preocupação por este buraco que cada vez mais se alarga sem
uma única perspectiva de poder ser tapado e não nos engolir a todos. Como vai
ser o dia de amanhã? Concerteza não muito simpático, na estagnação da volémia
das pessoas – desligadas e encostadas no seu canto – na luta de lama dos títeres,
arrancando cabelos, dando gritos histéricos, desesperados a que soe o gong, para recureparem os folêgos da
asneira compulsiva.
Amanhã
teremos o mesmo presidente, o mesmo governo, a mesma assembleia, os mesmos
cometadores televisivos. Se viessem por separado já de si era muito mau, agora
por atacado, tudo junto, é um enorme pesadelo.
Mas depois
de amanhã vai-se servir o mesmo prato do dia, desta vez com molho diferente,
para não enjoar nos primeiros meses.
E a seguir o
vazio. Entre o nada e coisa nenhuma, escolho o nada, pode ser que seja
diferente, já que da coisa nenhuma estou mais do que habituado, mas não tenho
ilusões nem sonhos coloridos: a eles convêm-lhes assim , sem mexer muito.
A nós não
nos convêm nada, somos gente sem condição. A nossa opinião não passa do balcão
do café, esgota-se aí até ao dia seguinte onde é retomada em modo de repetição
dos mesmos temas, sempre e sempre até que venha o definitivo Alzheimer.
Tudo para
dizer que estamos bem como estamos: os meus líderes são o espelho do meu eu,
são o meu alter ego. E assim sendo
para que quero outros?
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