Está a ser difícil articular um discurso lúcido, racional,
ponderado e educado do que está a acontecer neste País.
Tão irreal, tão inimaginável, que dá a sensação de estarmos
todos metidos num colete de forças, obrigados a ser figurantes num filme de um
realizador alucinado.
Se para mim uma dívida da Segurança Social dá penhora e
eventualmente prisão, para o parceiro do lado dá-lhe que pode pagar uma parte quando
se lembrou, não a totalidade,e segue tranquilamente, de cara lavada a sua vida.
Se eu tenho uma doença oncológica, não posso ter acesso ao
medicamento ou à cirurgia em tempo útil, que me dê uma esperança simpática de
usufruir um par de anos mais. O parceiro do lado tem acesso a esses cuidados:
ainda bem que eu bem gostaria.
Se andei toda uma vida a juntar tostões para complementar uma
reforma imprevisível e perco tudo porque acreditei num sistema financeiro sério
e eficaz, há um parceiro ao lado que fez especulação com dinheiros dúbios e
agora sorri para mim com um fácies amnésico de bonomia.
Se acreditei, e investi, na formação dos meus filhos, que “um
curso Superior” lhes daria a possibilidade de um horizonte de início de vida
simpático, logo o parceiro do lado me convenceu que emprego, é lobby, não é mérito.
Há no entanto valores éticos, meus – erro meu - que julguei como
garantidos. Patetices de um estudante de filosofia: a Política é também uma
disciplina da filosofia, mas a rapaziada dos poderes políticos de agora leu poucos livros!
Um primeiro ministro não paga os impostos, e ainda tem a “lata”
de demagogicamente fazer floreados sobre o tema, quando uma instituição de
solidariedade social - daquelas que tentam mitigar a pobreza das gentes, sim! Das
gentes que estão agora a fazer de figurantes em colete de forças nesse tal
filme fedorento de muito mau gosto - e cai-lhe a penhora do bem que têm para
distribuir à comunidade?
Que País é este? Que gentalha é esta - desculpem o termo, que não vos quis ofender?
Junto a minha vergonha, com a vossa que não têm.
Existe uma grande probabilidade estatística que o Benfica, este
ano, ganhe o campeonato. Existe igualmente uma grande probabilidade estatística
que o Porto este ano pode vir a ganhar o campeonato. A probabilidade não é
tanta, mas a estatística é o que é, e o Sporting ainda pode chegar lá, e o
Alverca, o Valpaços e o Pendão.
Nós é que nunca mais chegamos lá! A estatística não está a ser
simpática para as pessoas sérias.
O meu caro Amigo sente-se envergonhado e não é único. Porque esse deve ser o estado de alma, da maioria dos portugueses informados e responsáveis,que atentam no que se está passar em seu redor.
ResponderEliminarTem toda a razão. Eu já não sei o que dizer ou escrever, pois há uns tempos que estou proibido de ser publicado nos espaços destinados às 'cartas/desabafos dos leitores', mas constato que trabalhos meus dão azo a opiniões 'urdidas' por profissionais. É o que me parece, mas não o posso afirmar a 100%.
ResponderEliminarUm abraço
Apesar do meu dasabafo, não me parece que a desistência seja o caminho e publique-se ou não, de uma maneira ou outra sempre vamos conseguindo partilhar com outros as nossas ideias (seja no blogue, ou outros meios), e isso é o que verdadeiramente importa: poder continuar a dizer NÂO e BASTA.
ResponderEliminar