Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
segunda-feira, 30 de março de 2015
Viagem de autocarro
Entro, valido o bilhete com um cumprimento de circunstância , e desloco-me ao lugar disponível! Procurando sempre os lugares atrás, e aí começa a minha viagem.
Sem querer chamar muito a atenção porque o que procuro necessita de discrição, muitas das vezes fecho os olhos para ouvir o que me rodeia.
Podemos sempre dizer que este voyeurismo é discutível, mas não me interessa! Quero ouvir um barulho ensurdecedor, quero os pregões e as conversas da senhora sua patroa que hoje estava mal disposta!. A Avó com o seu neto ao colo a tentar acordar a criança que se deleita no regaço.
Gosto do calão empregue, do "até amanha menina" Ou dos lamentos de que vai chegar a casa e ainda terá um monte de roupa para passar. Da refeição para fazer, vociferando sem a acção perversa e maldoso a quem dedica a acusação.
É soberba aquela pronuncia , sente-se no ar a essência da realidade, são assim as gentes do Porto.
Não existe iniquidade nos mais rudes palavrões, tudo é autentico, tudo faz parte de umas das mais puras linhagens .
É um tesouro, uma riqueza que não tem dono, que não se dá, nem se compra, é uma autentica maravilha.
"-Ó menina, olhe que tem a bolsa aberta , tenha cuidado, que agora não se pode confiar em ninguém"! Com olhar atento do sr Alberto que todos os dias pelas 6 da tarde deixa o seu posto da mesa de cartas junto ao bar , onde durante a tarde com os colegas de sempre, joga para matar o tempo, "Antes que ele nos mate a nós". Remata a frase quase diária a quem todos conhecem o pregão.
A Afurada em frente não consegue ouvir o que se fala no 500, tem o Rio que nos separa que não lhe permite ouvir as conversas, mas sabe!, Sabe que que um dia destes passaremos por lá.
Elevo o meu braço e carrego no botão de paragem, o ecrã luminoso pisca PARAR, a ultima coisa que ouço é a voz do 500- " Próxima paragem Museu do Carro Eléctrico"
Saio mas continuo a sorrir.
4 comentários:
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.
Obrigada!
ResponderEliminarAndamos pelos mesmos sítios, mas não tenho andado de autocarro. Viajo mais com a mente.
ResponderEliminarLembrei-me do tempo em que andava no 500.
ResponderEliminarObrigada
Texto publicado no JN 16-04-2015
ResponderEliminar