segunda-feira, 9 de março de 2015

O efeito das minhocas no poder




Abarrotada de enchimento, inflada, com um rosto escavacado de rugas que o desmente, deu-lhe à minhoca para falar, quando não devia, porque as minhocas que se saiba não falam.

Esta, talvez porque geneticamente modificada gosta de falar. E nesse fenómeno de uma vocalização não natural à sua espécie, fá-lo nas mais inoportunas ocasiões.

Ela fala, mas saberá que fala? Questão a considerar.

As outras minhocas, minhocas como ela, não dão sequer pela emissão da palavra, porque não sabem o que isso é. E assim consideram-na, algumas mesmo com estima.

Há mesmo minhocas - o que está documentado cientificamente – que emitem palavras, mas dizem coisas sem nexo e atabalhoadas. Curiosidades da ciência.

Neste reino animal, cheio de pluralidades de animais de todas as espécies e feitios co-habitando o mesmo espaço, fica estranho que as minhocas falem.

- É das alterações climáticas. Dizem os ecologistas.

- Não senhor! Neste mundo moderno das liberalidades animalescas, é de lei que as minhocas tenham voz própria. Dizem as espécies anteriormente mudas - e agora modificadas pela poluição que deu a algumas a capacidade de emitir opinião sonora.

Esta minhoca é uma infra-espécie, sendo altamente provável que as altas concentrações de gasóleo dos barcos dos marejadores do pântano onde medrou, tenha contribuído para a translocação celular dos cromossomas desta minhoca em gente.

O grande aborrecimento é que esta triste desta minhoca fala, mas não sabe do que está a falar: debita palavras involuntariamente, e algumas, por ajeitamentos que só às palavras compete, até criam significados que ultrapassam os débeis conhecimentos linguísticos impensáveis numa pobre de uma minhoca.

Desconhece-se se em veterinária se estuda o pensamento das minhocas, desconhece-se ainda mais se existe uma cadeira de psiquiatria das minhocas. Estes seres – seres de deus - híbridos necessitam de ajuda, e é disto que este texto trata: sensibilizar “quem de direito” a olhar para eles. Restituírem uma vida digna a seres que fazem falta ao equilíbrio do eco-sistema.

A realização do conseguimento de todos é fundamental, é uma pena perderem-se em mal entendidos: uma lagosta veria o seu potencial “ficar pelo caminho” vestida de fraque a receber os cumprimentos diplomáticos, assim como um homem não ficaria bem a chapinhar num aquário em imitação de peixe.

A cada um o seu desígnio.

Este texto é muito “esotérico”, sabemo-lo, mas não há outra forma de falar das minhocas, sem que elas não venham logo a seguir sugar-nos. Desta forma pode ser que passe, porque as aventesmas de que agora falamos, apesar de espertas não são inteligentes e sempre que ouvem falar delas roçam os flancos, deliciadas e tontas, numa esquina qualquer, nos prazeres de imaginarem que conseguiram atenções.

Vivem de que se olhe para elas. Se não lhes passarmos “cartolina”, perdem a voz apesar de continuarem a minhocar no seu ambiente natural: o pântano  



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