Passos Coelho “passou-se”. Não cumpriu os deveres de contribuição a que estava obrigado para com a Segurança Social, a tal que não é sustentável. Valha-nos que a falta foi cometida muito antes de ser primeiro-ministro. E aqui é que bate o ponto. Quais os motivos que o levaram a isso?
Não acredito na ignorância da lei que, aliás, como todos sabemos, não aproveita a ninguém. Teria sido uma poupançazita para umas férias melhoradas? Trocar de carro? Uma extravaganciazita? Acautelar melhor o futuro, que o malvado do Estado não é de confiança e, à cautela, mais vale arrumar do lado de “cá” aquele pequenino pecúlio?
Pode ter sido tudo isso - ou nada disso - que os desígnios do homem são (e já eram) insondáveis. Uma coisa tenho por certa, ele arriscou-se à infracção porque, na altura, nunca lhe passou pela cabeça que, um dia, viria a ser ministro. Quanto mais primeiro-ministro. E quem lhe estivesse por perto também não deveria imaginar que as qualidades hoje exigidas para tão altos cargos fossem assim baixinhas.
Por isso, não se acautelou. Não era preciso e, além disso, os tempos corriam de feição a certos figurões, na política, nas autarquias, no futebol, na banca, que se julgavam arrogante e impunemente acima dos outros. Ninguém, nunca, lhes iria à mão.
A verdade é que viveu acima das suas possibilidades. E agora, no juízo de muitos dos que invectivou, não passa de um “piegas”, só porque ninguém o avisou de que estava a infringir leis que todos conheciam. Só ele é que não. E chegou a primeiro-ministro!
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