sábado, 21 de março de 2015

Tão piegas que nós somos


Passos Coelho passou-se. Não cumpriu os deveres de contribuição a que estava obrigado para com a Segurança Social, a tal que nãé sustentável. Valha-nos que a falta foi cometida muito antes de ser primeiro-ministro. E aqui é que bate o ponto. Quais os motivos que o levaram a isso?
Não acredito na ignorância da lei que, aliás, como todos sabemos, não aproveita a ninguém. Teria sido uma poupançazita para umas férias melhoradas? Trocar de carro? Uma extravaganciazita? Acautelar melhor o futuro, que o malvado do Estado nãé de confiança e, à cautela, mais vale arrumar do lado de cá” aquele pequenino pecúlio?
Pode ter sido tudo isso - ou nada disso - que os desígnios do homem são (e já eram) insondáveis. Uma coisa tenho por certa, ele arriscou-se à infracção porque, na altura, nunca lhe passou pela cabeça que, um dia, viria a ser ministro. Quanto mais primeiro-ministro. E quem lhe estivesse por perto também não deveria imaginar que as qualidades hoje exigidas para tão altos cargos fossem assim baixinhas.
Por isso, não se acautelou. Não era preciso e, além disso, os tempos corriam de feição a certos figurões, na política, nas autarquias, no futebol, na banca, que se julgavam arrogante e impunemente acima dos outros. Ninguém, nunca, lhes iria à mão.
A verdade é que viveu acima das suas possibilidades. E agora, no juízo de muitos dos que invectivou, não passa de um piegas, só porque ninguém o avisou de que estava a infringir leis que todos conheciam. Só ele é que não. E chegou a primeiro-ministro!

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