domingo, 9 de dezembro de 2018

A actualidade das palavras de José Saramago



A 10 de Dezembro de 1998 no banquete em Estocolmo, comemorativo do Nobel da Literatura entregue a José Saramago, perante personalidades pouco habituadas a ouvir discursos que com frontalidade defendessem o consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que nesse mesmo dia celebrava 50 anos, o escritor afirmou:

«A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante. Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lho permitem aquelas que efectivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia».

É inegável a qualidade inovadora da escrita e dos livros de José Saramago, juntamente com o seu apego aos valores do humanismo, da solidariedade e da justiça social, num percurso de vida marcado pela luta contra o fascismo e depois na defesa dos valores do 25 de Abril. Essas suas opções são o motivo essencial do ódio de estimação da direita e pró-capitalitas, que não perdoam também as suas palavras: «para ganhar o prémio, não precisei de deixar de ser comunista».


6 comentários:

  1. Concordo inteiramente com a frase do José Saramago - "para ganhar o prémio, não precisei de ser comunista" - que o Ernesto Gomes diz não ser perdoada pelos capitalistas e, infiro eu,por todo o pensamento liberal e não comunista. É que foi precisamente esse pensamento liberal e democrático que premiou o escritor, não lhe perguntando qual era a sua ideologia. E é esse pensamento, bem expresso no facto vertente, que eu admiro.

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  2. É óbvio que a frase de José Saramago, é a escrita por ES e não a que trancrevi para o meu comentário. Desculpem.

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  3. Quase que é pior a emenda que o comentário... Seria curial e de bom tom que na correcção fosse transcrita a frase correcta: «para ganhar o prémio, não precisei de deixar de ser comunista». Depois, «é a escrita por ES»?... Inventando uma abreviatura nunca utilizada, evitando colocar o nome correcto Ernesto Silva, que corrigiria também outro erro do comentário (Ernesto Gomes)... Sem pretender fazer outras leituras, direi que há dias em que tudo corre mal...

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  4. Tem toda razão quanto à deselegância do uso da sigla ES e ao erro da não transcrição da frase " para ganhar o prémio, não precisei de deixar de ser comunista". Um novo pedido de desculpas, este directamente para si, Ernesto Silva. Mas... nem tudo correu mal. E penso que assim foi, até pelo facto de, no seu comentário, não existir uma única palavra sobre a substância do escrevi em réplica ( e que mantenho) ao que o senhor publicou. Preferiu ( lá terá as suas razões), pela, real mas lateral, minha indelicadeza na escrita.

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  5. Há pensamentos liberais e não comunistas, que não são reféns da direita, nem cegamente pró-capitalistas.

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    1. Ora ainda bem que o reconhece. E que José Saramago também reconheceu perante ouvidos que, pelo seu pensamento liberal e democrático, devem ter gostado do elogio que lhes foi feito pelo grande escritor aí galardoado. Como não gostar do dito por Saramago que homenageava esse pensamento, tomando como exemplo o seu próprio caso pessoal?

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