Com a economia a crescer e as contas equilibradas, o governo utiliza uma semântica medrosa,
receando que algo nefasto possa chegar…
A reunião de Concertação Social foi desconcertada(!). O ministro do Trabalho e dos patrões,
unilateralmente, determinou um miserável aumento de 0,67 cêntimos/dia, ao já salário
minimíssimo nacional (SMN), fixando-o em 600 euros. Esta esmola compra o quê? Refira-se que o patrão dos patrões, António Saraiva, disse anteriormente que seria bem vindo um aumento mais substancial do que o verificado. Após o anúncio do SMN, congratulou-se dizendo que estava em linha com os ganhos de produtividade… Eis o cumulo da hipocrisia e do cinismo a fazerem um casamento perfeito! Esta gente cúmplice e que distribui migalhas a quem trabalha (tantas e tantas vezes no duro, sei do que falo) devia obrigatoriamente sobreviver com o anoréxico SMN. Mas o ministro do Trabalho e dos patrões fez pior… Atribuiu aos escalões remuneratórios mais baixos da Função Pública um salário, tendo por base o SMN, superior àquele que vigorará na iniciativa privada(!). Esta diferenciação entre trabalhadores do público e do privado é censurável, indigna e discriminatória. Porquê a desigualdade? Dividir para reinar!, é a mesma política do desgoverno anterior. E assim, Portugal é um dos últimos na Europa, em poder de compra.
A economia cresce, mas o benefício é para patrões, já que a redistribuição não existe. Enquanto o patronato competir através de exíguos salários, onde a justiça salarial é uma miragem, Portugal não vai longe.
Naturalmente, o PSD-CDS, partidos defensores do patronato, no que toca ao SMN, remeteram-se a um silêncio ensurdecedor. Faz sentido!
Vítor Colaço Santos
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