segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Os mentirosos não podem triunfar

Estávamos habituados a considerar que o que a Der Spiegel publicasse era indesmentível. Que bom, tínhamos uma sólida âncora para agarrar, neste mundo de logro que tantos poderosos manipulam para levar a água ao moinho deles. Já tínhamos Trump, Bolsonaro e Putín e, não esqueçamos, Zuckerberg. Temos agora o escândalo de Claas Relotius que, em vez de colocar a sua inventiva ao serviço de uma brilhante carreira no campo da ficção literária, a usa para ganhar a vida e muitos prémios de jornalismo… enganando os leitores de uma prestigiada revista. Logo aquela, a Spiegel, conhecida por perscrutar, à lupa de isentos especialistas, tudo o que lá se publica.
Depois de a realidade nos ter forçado a virar a belíssima página em que acreditávamos na “bondade” das redes sociais - que tinham aparecido para desmascarar os mentirosos deste mundo - já todos tínhamos interiorizado que deveríamos confiar cegamente apenas na imprensa séria. Mas, alto lá! Cegamente, não, porque até ela pode ser ludibriada por um qualquer “sedutor”. Há que defendê-la acerrimamente, sim, no conforto de que, por ser séria, esta imprensa sabe reconhecer os erros que comete, como fez a Spiegel, que explicou o embuste em que caiu. E isso, pela sua própria natureza, nenhuma rede social há-de fazer.

Público - 05.01.2019 (expurgado das partes sublinhadas).

1 comentário:

  1. Tem toda a razão. A vigarice do homem foi horrenda mas o retratar-se e pedir desculpa da revista é muito saudável. Em todas as circunstâncias e com toda gente.

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