Sociedades do desperdício...
Os números parecem tão inverosímeis que a gente só pode
ficar de boca aberta e olhos arregalados; é que ver desperdiçadas sete milhões
e setecentas mil toneladas de alimentos por ano, num montante calculado em 11
mil milhões de euros só em Espanha, país que, embora relativamernte abastado,
também tem muita gente a passar carências, não é para menos.
Mas foi o que fiquei a saber pelo programa “Equipa de
Investigação”, do canal televisivo espanhol “La Sexta”, que se propôs saber
coisas acerca dos prazos de validade impostos aos mais diversos produtos de
grande consumo, tendo sido recolhidos testemunhos credíveis que asseguram que
grande parte desses produtos se mantêm em condições de poder ser consumidos por
um prazo que vai muito para lá do que consta dos rótulos.
É claro que a pretensa defesa da saúde pública justifica muita
coisa, tendo alguns laboratórios interrogados afirmado que aqueles prazos são,
em muitos casos, meramente indicativos;
em todo o caso, dizem alguns analistas, aquela medida foi uma grande conquista
e não deve ser minimizada.
Um jornalista inglês, que levantou o problema, chegou a
demonstrar, comendo produtos com muitos meses para lá do prazo, que eles
estavam em perfeitas condições de conservação, resultando o seu abate, por
força dos prazos de validade, num indesculpável desperdício de bens alimentares
que retirariam da fome muita gente por esse mundo fora, já que o exemplo
apontado pode ser multiplicado por muitos...
Amândio G. Martins
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