domingo, 23 de dezembro de 2018

Boas-Festas sem desigualdades nem discriminações

Em épocas de Natal, no fervilhar das compras e das luzes, há duas palavras que nunca abandonam o meu pensamento.

A primeira é desigualdades. Socorro-me do texto publicado hoje, no Público, por Frei Bento Domingues, para uma interpretação livre: como é que é possível que, em tempos de grande prosperidade mundial, com “recursos, ciência e técnica” nunca disponíveis como na actualidade, grassem tantas desgraças (humanamente evitáveis) e fome por esse mundo fora? Só há uma resposta possível: a acumulação dos recursos foi apropriada por uma casta de gente que não devia pertencer à Humanidade. Pior ainda: além desses recursos que a produção humana aumentou, foi ainda buscar parte dos que as classes mais baixas já detinham. Só assim se compreende o aumento imparável do fosso entre os (muito) ricos e os pobres, dizimando, pelo meio, aquilo a que costumamos chamar a classe média.

A segunda palavra é discriminação. Neste caso, vou socorrer-me de uma “Rádio” que, ao que sei, difunde os seus programas em diversos suportes radiofónicos. Trata-se da “Rádio Aurora - A Outra Voz”, que conheço da Antena Um, em horas pouco convidativas, uma vez por semana. O programa semanal é produzido e realizado no Hospital Júlio de Matos, por pessoas com diagnóstico psiquiátrico. Vale a pena ouvir, pela qualidade exibida. Chego a pensar que conheço programas radiofónicos, realizados por profissionais, em ambientes dotados dos adequados meios técnicos, que não ficam a ganhar-lhe na balança da qualidade. É, sobretudo, um grito contra a discriminação que, inexplicável e cruelmente, os doentes daquela “classe” sofrem na pele, bem pior que a que atinge tantos outros doentes.

Estamos no Natal. Impõe-se aos que, como quase todos nós, foram insuflados dos princípios judaico-cristãos desde o biberão, exprimir um desejo de Boas-Festas. Aqui estou a fazê-lo, cumprindo essa “obrigação”. Creiam que com toda a sinceridade, mas sem nunca deixar de pensar nas desigualdades deste mundo, nem na discriminação de que tantos sofrem, não só pela doença, mas pela cor da pele, pelo género, pela religião, pela classe, pelas ideias.

3 comentários:

  1. Obrigado José Rodrigues, pela parte que me toca. Agradeço e retribuo.

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  2. Grato lhe fico, retribuindo os mesmos desejos, 'sem desigualdades nem discriminações'.

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  3. Pela pequena parte que me toca,sou grato ao José Rodrigues. E retribuo-lhe, e à família, os votos de Boas Festas!

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