GREVES
Estas conversas acerca das greves estão muito boas, mas esquecem que o provérbio é antigo e certo:"Quem semeia ventos, colhe tempestades"
E mais não digo!
Boas festas para todos, grevistas e não grevistas!
Este blogue foi criado em Janeiro de 2013, com o objectivo de reunir o maior número possível de leitores-escritores de cartas para jornais (cidadãos que enviam as suas cartas para os diferentes Espaços do Leitor). Ao visitante deste blogue, ainda não credenciado, que pretenda publicar aqui os seus textos, convidamo-lo a manifestar essa vontade em e-mail para: rodriguess.vozdagirafa@gmail.com. A resposta será rápida.
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Quer esclarecer sobre quem é o ovo e quem é a galinha? É que uma greve implica sempre, pelo menos, duas partes. E, neste caso, quem é que acha que semeia os ventos? O rio ou as margens? Quem quer subir ou quem não o deixa subir?
ResponderEliminarCaro José Rodrigues,
EliminarQuando se quer governar, deve-se estar preparado para tal e não ficar toldado de pensamento com os feitos que, aparentemente, se obtêm. Principalmente ter cuidado (muito) com o que se diz. Uma coisa é eu dizer ou o José, outra bem diferente é ser dito por um primeiro ministro!
Certamente, o nosso primeiro ministro cometeu um grave erro ao considerar que tinhamos virado a página da austeridade e pintar o país cor de rosa (não é uma piada...). Se estamos bem, então vamos dividir o bem por todos...não??? Como diz o outro: Pôs-se a jeito.
E isto é só o começo, ou me engano muito ou dias de grande tempestade se aproximam...os dias difíceis de 2010 a 2015 vão ser uma brincadeira comparado com o que aí vem...
Abraço
Apreciei e agradeço a sua resposta ao meu comentário. Como com toda a certeza entendeu, a razão das minhas perguntas tem a ver com o entendimento, que muitos gostariam de “normalizar”, de que as greves são sempre culpa de um dos lados da discussão. Ora se é a favor ora se é contra, dando-se de barato que a razão dos outros não existe. Eu não penso assim.
EliminarA minha capacidade de entendimento sente-se ferida quando, em momentos como os que atravessamos, em pleno surto grevista (concertado? Talvez), aparecem as acusações de quem se sente prejudicado pelas greves (pessoal ou institucionalmente…) a atirar quase sempre a responsabilidade da tranquilidade social para os sectores subordinados, os que fazem a greve, e não para os que por ela são confrontados. Começa a generalizar-se o discurso: são os ministros das Finanças europeus, pela voz de Mário Centeno (que é o seu representante, ou do Eurogrupo, o que vai dar ao mesmo…), a pedir paciência. A quem? Aos de “baixo”, está claro. Nunca aos de “cima”, os tais que, como sobejamente se sabe, aumentam rendimentos e lucros em todas as fases das economias nacionais, sejam de expansão, sejam de contracção. É, os lucros e as remunerações dos CEO’s aumentam sempre, desmesuradamente. Alguém se lembra de ver alguma “autoridade” a pedir-lhes paciência, comedimento na sofreguidão durante algum tempo, até que os resultados positivos das políticas encetadas lhes dêem a folga para se empanturrarem? Se alguém tem de dar o braço a torcer - e tem! - por que razão hão-de ser sempre os trabalhadores?
Dizem os “bem-pensantes”: então os trabalhadores não podiam pedir, sugerir, implorar, a melhoria da sua situação? Como bem sabemos, isso nunca funciona. Qual é a alternativa? Exigir. Custa? Pois custa, mas não há volta a dar.
Quanto ao António Costa, que refere, bem como aos naturais capitalizadores - pouco me importa se de esquerda ou de direita, que também os há -, a manipulação dos efeitos das greves não passa de aproveitamento político e respectivas propagandas partidárias. Julgo-a noutras instâncias.
Deixe-me referir que, ontem, no JN, li: “[os enfermeiros] desiludidos por ainda não terem sido ouvidos pelo Governo…” e ainda “... a posição do Governo de não negociar com os sindicatos de enfermeiros que decretaram a greve…”. Que é isto? Mudez/surdez selectiva ou autismo utilitário?
Aproveitando as suas palavras: creio que a nossa economia melhorou muito após as diatribes da direita radical e obtusa que nos governou antes deste Governo, mas… “dividiu-se o bem por todos”?. Clarissimamente, NÃO. Os CEO’s e as grandes empresas que nos expliquem para onde foram os benefícios dos progressos alcançados.
Desculpe-me, Jorge Gameiro, a extensão deste desabafo. Mas gostei de o meter neste diálogo (aberto) que me proporcionou.