NEM A NATUREZA ESCAPA

No altar do seu deus, o lucro, o capitalismo não poupa nada nem ninguém. Nem a própria Mãe Natureza. As últimas e atuais vítimas de que tivemos conhecimento, são os coloridos e chilreantes passarinhos que animam (cada vez menos...) os nossos campos. Milhões deles, estão a ser dizimados com a apanha mecanizada noturna da azeitona nos olivais de exploração super-intensiva da Andaluzia e também no perímetro de rega do Alqueva no Baixo Alentejo. Trata-se de espécies migratórias como pitinhas, felosas, toutinegras, arvelas, pintassilgos, pisco-de-papo amarelo e de asa branca, etc. que, desde os primórdios, na sua natural demanda de inverno para o continente africano, vindos de França, Holanda, Bélgica, Alemanha e Escandinávia, pernoitam nas oliveiras. Encandeados pela luz intensa, não oferecem qualquer resistência e são sugados. Organizações ecologistas e de defesa do Ambiente, como a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), calculam que desde o início da campanha no mês passado, já tenham sido mortas 2,6 milhões daquelas pequenas aves.

Para além do chocante desta prática assassina, dizem os especialistas que a mesma é altamente nociva para o ambiente, uma vez que aquelas espécies alimentam-se de insetos, formigas e pequenos répteis, ficando assim, mais desequilibrados, os ecossistemas.

Na ânsia do lucro, o predador-mor, o homem, vai dizimando as outras espécies, até quando? Até que ele próprio se extinga?

Façamos todos um pouco para que não. Nem todos o merecem. E não foi/é essa a mensagem de Cristo.

Um feliz Natal a todos/as e um ano novo o melhor possível!

Francisco Ramalho

Corroios, 23 de dezembro de 2018