terça-feira, 11 de dezembro de 2018


“The Ransom of Red Chief”...


É da natureza humana querer sempre mais, nunca se estar satisfeito; mas a cascata de greves que se nos depara revela sindicatos completamente alheados da realidade em que vivemos e um descarado oportunismo.

De facto, não escapará a ninguém que estas greves a “granel” só eclodem agora porque se aproxima tempo de eleições e estes sindicalistas, “finos” como alhos, lá devem ter dado por certo que o Governo não podia deixar de os satisfazer, pois sem isso irá perder muitos votos; penso que será precisamente o contrário: se os governantes caíssem na esparrela de querer satisfazer tanta reivindicação ao mesmo tempo, sem dispor de meios para o fazer, cairia certamente no descrédito de muita gente.


“O resgate do red chief” é um surpreendente conto de O. Henry por contar uma história ao contrário do que seria esperado: Dois ladrões “baratos” raptam um miúdo para conseguir dinheiro fácil; pedem ao pai a módica quantia de dois mil dólares mas este recusa pagar seja o que for.

Entretanto, a criança gosta daquela aventura, prega partidas aos raptores, enfim, faz-lhes a vida negra porque é mesmo um puto insuportável, o que até leva os raptores a reduzir o resgate; mas o pai, em vez de pagar, faz saber aos tratantes que aceita receber de volta o rapaz se eles lhe pagarem a ele 250 dólares, o que leva os vigaristas a fugir sem dinheiro nem catraio, com grande desgosto deste.

Não quero dizer com isto que o Governo vá fazer o  mesmo com os sindicatos mas, se continuar a mostrar firmeza revela, a meu ver, a mesma perspicácia daquele pai que teve o filho raptado...


Amândio G. Martins

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