O marketing tem coisas estranhas.
Isto é, vemos nas mais diversas campanhas de promoção, seja de pessoas, bens,
serviços ou o que seja, o uso de palavras que choca muita das vezes com aquilo
a que se está a tentar publicitar, promover, vender ou o que seja. Nesta época
de campanha eleitoral a propaganda eleitoral nota-se que evolui. Nos primórdios da democracia em Portugal os cartazes dos partidos políticos limitavam-se praticamente a
inscrever o símbolo do partido e uma ou outra fase ideológica. Simples. Agora
todos os candidatos tem optado por enormes painéis que colocam nas rotundas
(agora percebo o porquê da fobia das rotundas pelos presidentes de câmara) e
neles inscrevem uma frases ridiculamente banais.
Coleccioná-las seria um passatempo bem engraçado.O “Público”, para
promover um site de procura de emprego, adoptou num dos vários anúncios uma
frase bem peculiar tendo em conta a crise que o país atravessa a nível de
emprego. A taxa de desemprego real (!) é enorme, principalmente para os jovens,
e a perspectiva para muitas pessoas de poderem vir a ficar desempregadas a
curto prazo é também muito alta. Por isso, costumo dizer a mim próprio, que quem tem
emprego que o conserve muito bem conservadinho porque o tempo não está para
brincadeiras, como eu assisti em épocas passadas. Assim, não se percebe muito
bem a quem se dirige a frase “Está cansado do seu emprego?” publicada pelo
jornal. Talvez este jornal seja mesmo elitista e o leitor tipo do “Público”
seja quadro superior, de idade jovem, com vasta formação profissional e
académica e grande facilidade de saltar de empresa para empresa e que com a
maior da tranquilidade entra no gabinete do chefe dos recursos humanos e pede:
-Ó chefe, faça-me aí as contas
que me vou embora no fim do mês.
“Está cansado do seu emprego?”
Esta agora!...eu?...cansado do
emprego?...quem me dera ter um!...nem que fosse dos mais pequenos!
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