William
Faulkner (escritor)
1897. 25 – New Albany, EUA / 1962.Julho.6
Tenho por Faulkner uma admiração especial. É um dos meus escritores favoritos. Influenciado na escolha, como se é sempre, por pessoas, Lobo Antunes e a minha mãe, e primeiras leituras, desde que li o seu primeiro livro, que já não sei qual deles foi, que o tomei como um dos imprescindíveis. Mais do que o enredo são as suas personagens que me fascinam em especial a simples e determinada Lena Grove de "Luz de Agosto". A sua obra tendo vindo a ser publicada em Portugal no entanto alguns dos títulos são não se encontram disponíveis como é o caso de este último que referi. De qualquer modo não podia deixar passar esta data sem deixar uma referência a um escritor tão importante para mim e um dos mais notáveis escritores de língua inglesa que muito contribuiu para nos dar a conhecer o sul rural e esclavagista dos Estados Unidos. De uma entrevista sua selecionei algumas passagens que acho relevantes.
Sob o modo como alguém se pode
tornar um romancista a sério:”Noventa e nove por cento de talento…noventa
e nove por cento de disciplina…noventa e nove por cento de trabalho. Nunca nos
podemos dar por satisfeitos com aquilo que fazemos (…) Não
sei nada acerca de inspiração porque não sei o que é, já ouvi falar dela mas
nunca a vi.”
“O homem é indestrutível devido ao
seu simples desejo de liberdade”. Isto a propósito do seu anseio de
realizar um filme a partir do livro “1984”
de George Orwell.
A propósito do cristianismo:”Ninguém
vive sem o cristianismo, se é que nos estamos a entender acerca do significado
dessa palavra. É o código de comportamento individual de qualquer indivíduo,
por intermédio do qual ele faz e si próprio um ser humano melhor do que aquilo
que a sua própria natureza desejaria ser, se ele se guiasse apenas pela sua
natureza. Qualquer que seja o seu símbolo esse símbolo é uma forma de relembrar
o homem dos seus deveres no conjunto da raça humana. As suas diversas alegorias
são as tabelas em função das quais ele se avalia e aprende a saber quem é.
Não
pode ensinar o homem a ser bom como um livro escolar lhe ensina matemática.
Revela-lhe antes como se descobrir, como desenvolver por si próprio um código
moral e um padrão ao alcance das suas capacidades e das suas aspirações,
dando-lhe um exemplo inigualável de sofrimento e de sacrifício e uma promessa
de esperança.”
Acerca da necessidade de ter
liberdade económica para se poder tornar num escritor: “Um escritor não precisa de
liberdade económica. Precisa apenas de um lápis e de algum papel (…) Sou, por
temperamento, um vagabundo e um nómada. Não desejo ter dinheiro de forma
intensa que me leve a trabalhar para o ganhar. Na minha opinião é uma vergonha
trabalhar-se tanto por esse mundo fora. (…) Isto explica porque é que o homem
provoca a si mesmo e aos outros tanto sofrimento e infelicidade.”
“A vida é movimento e o movimento
está ligado àquilo que faz com que o homem se mova – ou seja, a ambição, o
poder, o prazer. O tempo que um homem pode dedicar à moral é tempo que ele tem
de roubar ao movimento de que faz parte. É compelido a fazer escolhas entre o
bem e o mal mais cedo ou mais tarde, porque a consciência moral lho exige para
que ele possa viver consigo próprio no dia seguinte. A sua consciência moral é
a maldição que ele teve de aceitar dos deuses, de modo a obter o direito a
sonhar.”
William Faulkner recebeu em 1949 o Prémio Nobel de Literatura.
Entrevista
com Jean Stein (1956) publicada na The Paris Review of Books editado em Portugal
pela Tinta-da-china 2009 – Entrevistas da Paris Review.
Na minha juventude li alguns escritores americanos de renome, tal como russos, franceses e ingleses e até indianos que serviram para me aperfeiçoar como cidadão. William Faulkner foi um deles. Alguém, hoje, lê ou recomenda esses padrões da literatura mundial? Tenho dúvidas. É bom publicar posts como este. Parabéns.
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