O Sufoco dos Impostos
O cidadão
acorda num quarto que pagou 23% de IVA, desde o colchão a roupas e móveis. Acende
a luz (IVA 23%) vai para o banho (IVA 6% na água, mas taxas de saneamento e
resíduos sólidos no importe superior a 100% do valor da água consumida), liga o
gás (23%) usa sabonete ou champô (23%), desce a escada ou utiliza o elevador
(taxa de serviço da zeladora do condomínio 23%) e está na rua. Pega no carro
que está à porta e que na compra pagou mais de 30% de impostos, sujeito ao
Imposto Único de Circulação, mais a inspecção anual, que é sobrecarregada com
23% de IVA e com o custo do seguro que inclui ainda mais taxas e impostos. Vai
ao posto de abastecimento de combustível, onde o preço de venda ao público tem
uma componente de cerca de 60% de taxas e impostos. Depois passa a ponte onde
paga portagem com 23% de IVA e estaciona para tratar de qualquer assunto e paga
uma taxa que quase corresponde à compra do terreno. Toma um café e um bolo com
a taxa de 23% de IVA, e paga um preço mais elevado porque foram servidos na
esplanada, e esta paga taxas pela ocupação do espaço, acesso público à TV e por
ter uma tabuleta com o nome da pastelaria.
Depois, ainda estremunhado e apalermado com
todo este quadro, começa a deitar contas à vida. Com as novas taxas do IMI, o
Estado quase se apossou do imóvel que tanto lhe custou a adquirir, e paga agora
mais de Imposto que o que pagava quando morava em casa alugada. Do salário,
desconta 11% e a entidade patronal 23,75%. Tem retenção na fonte do IRS, cerca
de 15% e mais uma taxa transitória de 3,5%. Das parcas poupanças que conseguiu
amealhar, o Estado cobra-lhe 28,5% dos juros que rendem. Começou a pagar taxas
onde não era hábito, como sucede agora no SNS. Tem de dar apoio à mãe, cujo
senhorio aumentou 20 vezes a renda da casa em virtude do IMI e das avaliações.
Os encargos com a educação dos filhos aumentaram e, para agravar toda esta
situação, a mulher está desempregada há 2 anos, vai perder o subsídio, e não há
jeito de encontrar trabalho. Também na firma, onde já está há dezenas de anos,
já se fala em reestruturação e despedimentos, embora tudo no segredo dos deuses
para evitar alarme. Esta é a peça que está em cena em centenas de milhares de
lares.
O Governo em funções tem uma solução para cada
um e para todos os casos exemplares como este; aumento de impostos, directa ou
indirectamente. Diz-nos que é irreversível mudar de rumo porque assim foi o
acordado com a Troika. Depois de reduzir à miséria cerca de 80% do país, a
mando dessa tríade, e por falta de capacidade dos políticos actuais e passados,
o que será de nós e deste território? Aos trabalhadores, aos reformados, aos
doentes, aos estudantes, podem reduzir os seus direitos, e às entidades, que
fizeram contratos que são o alicerce da desgraça, que se agrava no dia-a-dia,
não podem ser coartadas as regalias, que na situação que decorre, até podem ser
infames. É urgente encontrar um caminho digno, mas diferente, e os outros
países da União Europeia têm de ser parceiros e não algozes.
5.09.2013
Joaquim Carreira Tapadinhas
Montijo
Leio o seu artigo e lembro-me da candidatura de Menezes à Câmara do Porto. Parece, segundo rumores, que vai deixar em Gaia uma dívida colossal pela sua gestão de investimento (?) que foi a prática nos seus mandatos. No entanto, e em contraponto com a gestão de Rui Rio, mais poupado, segundo dizem, nada destas coisas de dinheiros e quanto vai custar ao gaienses a sua gestão se fala. Parece que as questões financeiras ficam sob uma manto de silêncio com o beneplácito da comunicação social. Digo eu...
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