sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Livrinho em português, made in China


Livrinho em português, made in China

A nossa quase total desindustrialização, leva-nos ao extremo de haver à venda “cá”, livrinhos em português de folhas duras para crianças a partir de ano e meio, made in China. Têm umas figuras e meia dúzia de palavras em português. E são de capa dura para as crianças verem, e aprenderem e trincarem (ou não!)!

Ou seja, algo tão simples, barato e sustentador de indústria interna com alguma possibilidade de exportação, já foi para Oriente.

Depois ficamos espantados por “cá” não termos indústrias, não sabermos criar empregos e consequente riqueza. E falamos muito dizemos mal sempre dos anteriores e fazemos o mesmo sempre, com mais dos mesmos!

Sendo que a China foi agarrando tudo, tudo o que achámos não ser digno de continuar a ser feito por nós, foi tudo fazendo, e agora estamos sem nada e deles dependentes. Pelo meio temos os alemães - raça pura! - , mas isso é ainda mais complicado!!

Este exemplo - os livrinhos - é demasiado rudimentar mas suficientemente grave.

Do mais simples ao mais elaborado fomos deixando tudo ir passando para Oriente - China, India, Taiwan – e como não quisemos ou não soubemos substituir o que perdemos, andamos “aos papéis”. Já nem estes livrinhos em português, fazemos.

Claro que “isto” foi um mal Ocidental, toda a Europa e os EUA fizeram do mesmo, mas alguns países - a raça superior! - deixaram-se ficar com alguma coisa, veja-se a Alemanha, com Mercedes e não só! – e não vão largar nem que para tal continuem – como já fazem - a negociar directamente com a China! E o resto da Europa, excepto a Áustria que se afoguem.

E como a China já se está a habituar a ter e gastar dinheiro, vai empurrando algumas destas miudezas para o Vietname, onde hoje, a mão-de-obra está mais barata que a chinesa. Mas a China tem dinheiro e muito, e nós não! Nada guardámos, nada investimos, à séria!

Talvez ainda estejamos a tempo de recuperar” tempo!, quer voltando – concorrencialmente - a fazer “cá” o que deixámos de fazer, quer fazendo outras coisas. Mantendo – claro - têxtil e calçado de qualidade e apostando em novas tecnologias. Fazendo, fazendo, fazendo!

E arriscando, talvez todo o Sul da Europa, até meio de França e com quem connosco alinhar, em “comerciar” directamente com a China, Japão, India, Brasil, EUA, e que se lixe a Alemanha e a Áustria. Claro que o Mercedes é bom, mas podemos ter que ir para o Dacia – mas é francês, não tão vistoso, mas!! Mas, continuaremos a andar de carro. Mais barato e feito a Sul!

E em vez de a China nos levar tudo, de livrinhos para crianças à EDP e REN, serem feitos por eles e não só, investimentos cá, de facto produtivos e nós ajudarmos a fazer progredi-los.

E talvez os livrinhos para crianças de ano e meio, possam ser cá feitos – para lucro nosso, mas também prestigio! - para toda a Europa do Sul e Brasil, e não só! E os turistas chineses e não só poderem cá vir, em força, e a todo o Sul da Europa, não só “ao” Portugal!

Mas temos que mudar muito – sem deixarmos de ser “nós!”. É verdade, passarmos a ser pontuais, a esquecer o desenrascar, a ser organizados e programados, e esquecer o fado de tristezas passadas, e abrir à globalização, mas com mais economia e menos finança e até livrinhos para criança! Melhorar, melhorar, melhorar!

Augusto Küttner de Magalhães

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