Livrinho em português, made in China
A nossa quase total desindustrialização, leva-nos ao extremo de haver à
venda “cá”, livrinhos em português de folhas duras para crianças a partir de
ano e meio, made in China. Têm umas figuras e meia dúzia de palavras em
português. E são de capa dura para as crianças verem, e aprenderem e trincarem
(ou não!)!
Ou seja, algo tão simples, barato e sustentador de indústria interna com
alguma possibilidade de exportação, já foi para Oriente.
Depois ficamos espantados por “cá” não termos indústrias, não sabermos
criar empregos e consequente riqueza. E falamos muito dizemos mal sempre dos
anteriores e fazemos o mesmo sempre, com mais dos mesmos!
Sendo que a China foi agarrando tudo, tudo o que achámos não ser digno de
continuar a ser feito por nós, foi tudo fazendo, e agora estamos sem nada e
deles dependentes. Pelo meio temos os alemães - raça pura! - , mas isso é ainda
mais complicado!!
Este exemplo - os livrinhos - é demasiado rudimentar mas suficientemente
grave.
Do mais simples ao mais elaborado fomos deixando tudo ir passando para
Oriente - China, India, Taiwan – e como não quisemos ou não soubemos substituir
o que perdemos, andamos “aos papéis”. Já nem estes livrinhos em português,
fazemos.
Claro que “isto” foi um mal Ocidental, toda a Europa e os EUA fizeram do
mesmo, mas alguns países - a raça superior! - deixaram-se ficar com alguma
coisa, veja-se a Alemanha, com Mercedes e não só! – e não vão largar nem que
para tal continuem – como já fazem - a negociar directamente com a China! E o
resto da Europa, excepto a Áustria que se afoguem.
E como a China já se está a habituar a ter e gastar dinheiro, vai
empurrando algumas destas miudezas para o Vietname, onde hoje, a mão-de-obra
está mais barata que a chinesa. Mas a China tem dinheiro e muito, e nós não!
Nada guardámos, nada investimos, à séria!
Talvez ainda estejamos a tempo de recuperar” tempo!, quer voltando –
concorrencialmente - a fazer “cá” o que deixámos de fazer, quer fazendo outras
coisas. Mantendo – claro - têxtil e calçado de qualidade e apostando em novas
tecnologias. Fazendo, fazendo, fazendo!
E arriscando, talvez todo o Sul da Europa, até meio de França e com quem
connosco alinhar, em “comerciar” directamente com a China, Japão, India,
Brasil, EUA, e que se lixe a Alemanha e a Áustria. Claro que o Mercedes é bom,
mas podemos ter que ir para o Dacia – mas é francês, não tão vistoso, mas!!
Mas, continuaremos a andar de carro. Mais barato e feito a Sul!
E em vez de a China nos levar tudo, de livrinhos para crianças à EDP e REN,
serem feitos por eles e não só, investimentos cá, de facto produtivos e nós
ajudarmos a fazer progredi-los.
E talvez os livrinhos para crianças de ano e meio, possam ser cá feitos –
para lucro nosso, mas também prestigio! - para toda a Europa do Sul e Brasil, e
não só! E os turistas chineses e não só poderem cá vir, em força, e a todo o
Sul da Europa, não só “ao” Portugal!
Mas temos que mudar muito – sem deixarmos de ser “nós!”. É verdade,
passarmos a ser pontuais, a esquecer o desenrascar, a ser organizados e
programados, e esquecer o fado de tristezas passadas, e abrir à globalização,
mas com mais economia e menos finança e até livrinhos para criança! Melhorar,
melhorar, melhorar!
Augusto Küttner de Magalhães
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