Se um dia estivesse nas escadas do poder
Ficaria num dilema sem saber o que fazer,
Mas se fizesse a contento uma acção de portento
Não sei se bastaria nesta vida-porcaria.
Veremos a frustração desta mortal existência;
Mas olhando em redor deste calamitoso mundo,
Só guerras, crimes sem fim
De um poder nauseabundo.
Lutas de guerrilha,
Guerrilhas de guerras-frias,
Armas normais,
Armas químicas,
Armas e mais armas,
Bombas de tamanhos vários,
Com medidas desmedidas,
Bombardeiam sem cessar
Corpos, destroços e vidas.
Famintos-diários na cadeia planetária,
É porque não há querer
Daqueles que nos degraus
Das escadas do poder
Se transformam sem pudor
Nos carrascos do terror,
Nos cangalheiros da vida,
Em tudo lembrando a morte,
Em nada lembrando pão, paz, amor.
Ficaria num dilema sem saber o que fazer,
Mas não seria, eu juro,
O carcereiro das escadas do poder.
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