Sportinguista desde criança, sempre admirei Eusébio, apesar
das “tareias” que deu ao meu SCP. Ao contrário de Pelé, outro mágico do
Futebol, que era vaidoso e muitas vezes
arrogante, Eusébio sempre aguentou estoicamente a pancada que estes
extraordinários goleadores apanhavam, sempre que se aproximavam da “grande
área”. Nunca perdeu a cabeça entrando em “faltas ofensivas”. Nos campos de
futebol e na vida sempre foi um homem simples e modesto. Nasceu povo e morreu
povo. O SLB fez bem em não se querer apropriar da sua figura, o que até se
compreenderia porque dedicou quase toda a sua vida ao SLB. Ao contrário de
Coluna, outro grande jogador seu compatriota Moçambicano, Eusébio não regressou
à sua terra natal no fim da carreira. Preferiu Portugal, o Portugal das
colónias onde nasceu em 1942. Passou dificuldades que o obrigaram a jogar fora
do SLB para ganhar a vida, mas felizmente o seu clube preferido chamou-o mais
tarde, para importantes funções de representação em Portugal e no estrangeiro.
Foi um grande e digno embaixador do nosso País. Durante décadas foi o português
mais conhecido lá fora, em paralelo com Amália.
Só os que foram seus contemporâneos e o viram jogar, saberão
dar o devido valor à sua vida e ao seu exemplo de desportista. Uma palavra
também para os seus companheiros de clube José Torres, José Augusto e António
Simões, que lhe deram a mão na devida altura e o ajudaram a poupar dinheiro e a
trilhar um caminho mais regrado do que outros grandes futebolistas do seu tempo
(como Victor Baptista), que infelizmente também foram geniais nos campos e
acabaram mal na vida privada.
Por tudo isso Eusébio conquistou a intemporalidade e merece
um grande obrigado de todos os portugueses, independentemente da sua filiação
clubista.
(Publicada parcialmente como primeira carta no jornal "Público", na sua edição de 7/1/14)
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