Realiza-se este fim-de-semana o congresso do CDS-PP (ou é, apenas, PP?).
É uma reunião que, tudo indica, terá contornos norte-coreanos no louvor ao
líder e no branqueamento da sua irrevogável demissão que tanto afectou a
credibilidade do governo junto dos tão temidos “mercados”, agitando os juros da
dívida pública sem que Paulo Portas (o PP?) tivesse que desembolsar um cêntimo
que fosse para ressarcir os cofres públicos.
Em Julho, quando o líder resolveu
fazer a birra que revelou com nitidez a sua dimensão de estadista, este
congresso não se realizou. Seria difícil elogiar e eleger sem oposição uma
personagem com tal falta de sentido de estado e manter a farsa do “arco do
poder” pelo que o congresso foi adiado. Toda a gente sabe que se “o partido do
táxi” anda agora de autocarro é à habilidade contorcionista de Portas que o
deve. Isso é o suficiente para fazer dele líder incontestado que será reeleito
com uma percentagem pornográfica dos votos expressos no congresso.
Isto
passa-se no CDS (PP?) como se passa no PPD (PSD?), no PS, em todos os partidos
com assento parlamentar: os líderes são eleitos por quase unanimidade em
reuniões magnas com contornos de ópera bufa. Tudo estaria bem e seria pacífico
se não fossem estes pantomineiros quem decide as listas de candidatos a
deputados e demais cargos públicos sem darem cavaco a ninguém.
A Democracia
precisa dos partidos mas os partidos vivem bem sem a Democracia e fazem dela
gato-sapato. Talvez por isso, as percentagens da abstenção e desinteresse
crescente pela política se têm vindo a acentuar de forma dramática em Portugal.
Das duas, uma (ou mesmo as duas!): ou os partidos abrem as suas estruturas à
opinião pública, permitindo que o cidadão anónimo participe na escolha dos seus
representantes, ou fazem aprovar um conjunto de leis que permita a grupos de
cidadãos aceder, em pé de igualdade, à possibilidade de apresentar listas de
candidatos a todos os actos eleitorais.
Enquanto a política viver este regime
feudal de Portas, Passos, Seguros e outros que tais não saímos da cepa torta e
continuaremos a ser roubados de todas as formas possíveis por bandos de
malfeitores disfarçados de partidos políticos.
Carta enviada à Directora do Público
O grande problema, a nossa tragédia, é que esta ópera bufa já ultrapassou todos os limites de mau cheiro e o povo parece estar constipado.
ResponderEliminarO povo não costuma ir à ópera e não percebe a falta de qualidade desta coisa.
ResponderEliminar:-)