sábado, 11 de janeiro de 2014

Ópera bufa


Realiza-se este fim-de-semana o congresso do CDS-PP (ou é, apenas, PP?). É uma reunião que, tudo indica, terá contornos norte-coreanos no louvor ao líder e no branqueamento da sua irrevogável demissão que tanto afectou a credibilidade do governo junto dos tão temidos “mercados”, agitando os juros da dívida pública sem que Paulo Portas (o PP?) tivesse que desembolsar um cêntimo que fosse para ressarcir os cofres públicos. 

Em Julho, quando o líder resolveu fazer a birra que revelou com nitidez a sua dimensão de estadista, este congresso não se realizou. Seria difícil elogiar e eleger sem oposição uma personagem com tal falta de sentido de estado e manter a farsa do “arco do poder” pelo que o congresso foi adiado. Toda a gente sabe que se “o partido do táxi” anda agora de autocarro é à habilidade contorcionista de Portas que o deve. Isso é o suficiente para fazer dele líder incontestado que será reeleito com uma percentagem pornográfica dos votos expressos no congresso.

Isto passa-se no CDS (PP?) como se passa no PPD (PSD?), no PS, em todos os partidos com assento parlamentar: os líderes são eleitos por quase unanimidade em reuniões magnas com contornos de ópera bufa. Tudo estaria bem e seria pacífico se não fossem estes pantomineiros quem decide as listas de candidatos a deputados e demais cargos públicos sem darem cavaco a ninguém.


A Democracia precisa dos partidos mas os partidos vivem bem sem a Democracia e fazem dela gato-sapato. Talvez por isso, as percentagens da abstenção e desinteresse crescente pela política se têm vindo a acentuar de forma dramática em Portugal. Das duas, uma (ou mesmo as duas!): ou os partidos abrem as suas estruturas à opinião pública, permitindo que o cidadão anónimo participe na escolha dos seus representantes, ou fazem aprovar um conjunto de leis que permita a grupos de cidadãos aceder, em pé de igualdade, à possibilidade de apresentar listas de candidatos a todos os actos eleitorais. 

Enquanto a política viver este regime feudal de Portas, Passos, Seguros e outros que tais não saímos da cepa torta e continuaremos a ser roubados de todas as formas possíveis por bandos de malfeitores disfarçados de partidos políticos.

Carta enviada à Directora do Público

2 comentários:

  1. O grande problema, a nossa tragédia, é que esta ópera bufa já ultrapassou todos os limites de mau cheiro e o povo parece estar constipado.

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  2. O povo não costuma ir à ópera e não percebe a falta de qualidade desta coisa.
    :-)

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