Vamo-nos habituando, a em que em todas as semanas,
haja um caso com alguma ou nenhuma importância, que seja o “acontecimento
sensacional da semana”. E vai sendo mediatizado até ao limite, por todos e cada
um, e no final da semana, morre, sem nada de consequente ter acontecido,
e nasce outro. E assim sucessivamente vamos vagueando pela espuma dos dias, sem
centeúdo, iludidos com o secundário para não nos debruçarmos no essencial, não
vá darmos o “tombo” ao encarar a realidade, ainda mais depressa.
Por certo, algo irá surgir esta semana, para além da
chuva de Inverno e do vento, explorados até ao limite dos limites, com mirones
a dar palpites, a saber tudo de tudo, como mais ninguém de nada sabe. Tal como
com os fogos de Verão, que este ano uma vez mais acontecerão. E as praxes, algo
de novo – nunca havia acontecido e nunca havia dado problemas - mas que havendo
desta - manifestamente - umas mortes, deu azo a noticiários, artigos, programas
especiais, ministros e primeiros-ministros a darem palpites e tudo na mesma
ficará.
Para além de Eusébio para o Panteão, e mais uns
quantos, agora esquecidos, e o Panteão e os futuros residentes, ficou tudo para
mais tarde. E os futebóis, estes têm sempre um certo relevo, em qualquer altura
do ano. E o preço dos combustíveis. E mais uma qualquer história macabra de uma
criança esquecida pelos pais, um marido ciumento que esfaqueou a ex-mulher.
E nada de conteúdo é tratado de princípio a fim. Bem,
fala-se em Bolsas de cientistas e anda tudo durante essa semana preocupado, e
fazem-se protestos dos que acham que deviam continuar a tê-las –
indefinidamente - e dos que de facto as deveriam ter, por bem as merecer e ao
País ajudar a crescer, e fica tudo como dantes, dado que a notícia já deu o que
tinha a dar.
Não, parece que o desemprego baixou. Não, afinal foram
as pessoas que emigraram e outros que desistiram de procurar emprego que
aritmeticamente fizeram baixar o desemprego. Ou criou-se emprego? Aonde com
quem? Sim, bem, talvez não!
E em nenhum caso, com bom senso e tranquilidade se
pretende esclarecer e ser esclarecido, para de facto com o empenho de todos
algo ficar definitivamente bem encaminhado, se não, já resolvido.
E salta-se de notícia em notícia, de noticiário em
noticiário, de jornal em jornal, de sensacionalismo em sensacionalismos. Todos
em todo o lado falam e comentam o mesmo assunto, o mesmo prolema, o desta
semana. Que esquece, mal entre a semana seguinte, com novo tema escaldante.
Não será tudo demasiado escasso? Não estaremos todos a
não querer nada resolver de facto, e como tal, deixamo-nos andar, todos,
embrulhados neste disse que disse, enquanto o País se afunda cada vez mais.
E, continuamos a dar cambalhotas em torno do
supérfluo, não querendo comparecer no essencial. E parecemos uma ilha num mundo
gigante e global. E autocentramo-nos em sensacionalismos, para fugir aos
realismos.
Não nos será possível a todos mudáramos, um pouco, só,
claro, para melhor?
Augusto Küttner
( DN 17.02.2014)
Cortaram umas linhas no DN mas mesmo assim está bom.
ResponderEliminarObrigado, Clotilde
EliminarAugusto
O país está à beira do precipício, mas os responsáveis pela condução, em vez de retrocederem e fazer com que o barco tenha um outro rumo, avançam como se não existissem outras opções.
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